3,7 mil metros de altura e difícil de escalar: como é a trilha do Monte Rinjani

3,7 mil metros de altura e difícil de escalar: como é a trilha do Monte Rinjani

Com 3.726 metros de altura e uma caldeira de 50 quilômetros quadrados, o Monte Rinjani é um popular destino turístico da ilha de Lombok, na Indonésia, e tomou os noticiários nesta semana após a brasileira Juliana Marins sofrer uma queda enquanto realizava uma trilha no vulcão. O local já registrou ao menos duas mortes nos últimos três anos.

O site do parque, cuja área equivale a aproximados 41 mil campos de futebol, descreve o vulcão como “muito escalável por visitantes com alto nível de aptidão física.” Ao mesmo tempo, reconhece o alto risco de fatalidades, mesmo durante viagens com guias certificados.

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O Monte Rinjani é um vulcão ativo, cuja primeira erupção registrada é de 1847. Desde 1994, houve três períodos de atividade, que chegam a durar vários meses.

Em 2009, a fumaça e as cinzas chegaram a subir oito quilômetros em uma de diversas erupções naquele ano, forçando o fechamento das trilhas. Em 2010, a erupção superou cinco quilômetros de altura.

A entrada no parque custa 150 mil rúpias indonésias, o equivalente a cerca de R$ 50. Na plataforma especializada TripAdvisor, os preços das excursões oferecidas costumam variar entre 175 e 430 dólares por pessoa (ou seja, entre aproximados R$ 960 e 2,3 mil).

As ofertas são geralmente acompanhadas de fotos de turistas de várias idades e sem aparente preparo físico ou equipamentos especializados.

A receita das atividades turísticas e das taxas de entrada é usada para conservação e manutenção sustentáveis da área, segundo o parque.

O trecho mais desafiador do percurso são os últimos mil metros antes do ponto mais alto da trilha, e muitos turistas param ao chegarem na borda da cratera, a aproximadamente 2,7 mil metros de altura.

Normalmente, uma caminhada até a borda da cratera envolve dois dias e uma noite, de acordo com o site do parque. Por sua vez, a subida até o cume exige geralmente três a quatro dias de viagem.

Já o site do parque destaca o risco de encontrar baixas temperaturas de até 4 graus e fortes ventos, recomendando o uso de roupas apropriadas. “A 2 mil metros de altura, você sentirá que não está mais nos trópicos, pois o ar quente e úmido que sobe perde temperatura e pode cair como chuva.”

Perigo para turistas

No nicho especializado, são muitos os relatos sobre o grande desafio físico para quem se arrisca a subir ou descer o vulcão, onde abundam as subidas íngremes e terrenos acidentados.

“O trecho final até o cume é particularmente desafiador, pois envolve caminhar por areia vulcânica solta de pedra-pomes, o que faz com que cada passo pareça dois passos para trás para cada passo à frente,” diz o site de uma empresa especializada nas excursões.

Juliana caiu de um ponto próximo ao cume, após ter relatado ao guia que estava cansada demais para continuar.

“Ela estava ali como qualquer turista, para conhecer o local, pela vista. No grupo dela, ninguém era especialista em nada de montanhismo, porque esse é um passeio que é vendido como um passeio para turistas, que vão com um guia para conhecer o local”, contou Mariana Marins, irmã de Juliana, à EBC (Empresa Brasil de Comunicação).

Em maio deste ano, um malaio de 57 anos morreu depois de escorregar, perder o equilíbrio e cair numa parte íngreme da trilha ao redor do Monte Rinjani, de acordo com a imprensa indonésia. Assim como Juliana, ele fazia o percurso com outros turistas e um guia.

O turista teria tentado seguir o caminho de descida sozinho, enquanto os seus companheiros descansavam. Ele teria recusado o uso de equipamentos de segurança, oferecido pelo guia, para atravessar aquele trecho.

Já em 2022, um homem israelense-português de 37 anos morreu após sofrer uma queda de aproximadamente 150 metros, quando estava quase chegando ao cume do monte, segundo a imprensa israelense. A recuperação do seu corpo demorou três dias.

Os turistas assinam a um papel reconhecendo que são responsáveis por si próprios, e não a organização que lidera a viagem. Mas é também permitido aos aventureiros subirem sozinhos, com equipamentos alugados na própria montanha, por ser “de longe a opção mais barata”, diz o site do parque.