Lições da crise
Começam a surgir os ganhos da provável cassação ou renúncia de Antônio Carlos Magalhães. O primeiro deles é o enterro do chamado carlopetismo. Não há mais ninguém no Partido dos Trabalhadores disposto a qualquer aproximação com o velho cacique baiano. “Não gosto dessa expressão, carlopetismo. Mas houve gente na bancada que pensou que dava para ter algum tipo de relacionamento com o ACM. Foi um grande erro. O Antônio Carlos é do tipo que acaba envolvendo as pessoas próximas no que há de pior. A única solução é a distância”, conta o deputado Jacques Wagner (PT-BA), um expert no velho cacique. O ex-líder do PT na Câmara, Aloísio Mercadante, que elogiou ACM na sua sessão de despedida da presidência do Congresso, por exemplo, agora está a todo vapor nas articulações pela cassação: “Se ela ocorrer junto com a CPI da Corrupção, e provavelmente outras cassações, tenho certeza que haverá um grande avanço institucional no País. Vamos sair da crise com a democracia fortalecida.”

Bom modismo às avessas
José Dirceu manda carta sobre nota publicada na semana passada nesta coluna: “A bancada do PT na Câmara dos Vereadores de Fortaleza votará contra o chamado ‘auxílio-paletó’. Pode conferir. Quanto à minha afirmação (de que é muito fácil posar de bom moço), foi motivada pelo fato de o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) não ter esclarecido o que ele sabia, que nós – Lula, eu e outros dirigentes e a bancada na Câmara Municipal – éramos também favoráveis à CPI do Lixo.”

Sobre os petistas de Fortaleza, quem responde é o presidente da Câmara de Vereadores, José Maria do Couto: “O auxílio já foi votado e aprovado por unanimidade em duas sessões de discussão no plenário, com a presença dos vereadores petistas. Descobertos pela mídia, eles voltaram atrás.”

Segurança, que segurança?
Pequena ilustração das prioridades do governo: até agora, o programa Segurança do Cidadão, um dos principais itens do cardápio de combate à criminalidade, recebeu R$ 304 mil. Míseros 0,6% dos portentosos R$ 484 milhões previstos no Orçamento deste ano.

Fim do ensino gratuito
Em viagem ao Maranhão, o ministro da Educação, Paulo Renato, participou de um jantar na casa da governadora Roseana Sarney. Jorge Murad, marido de Roseana, defendeu que as universidades públicas passem a cobrar mensalidades dos filhos da classe média. Paulo Renato concordou de pronto: “Me elejam presidente que eu mudo isso em um ano.”

Violação da ética
Essa é demais! O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, disse a pelo menos dois senadores que não acha a violação do painel eletrônico crime suficiente para cassar mandato.

Rápidas

José Sarney pediu ampliação no prazo de licença do Senado Federal. Escondeu-se num sítio do amigo Saulo Ramos. Quer ficar longe do processo de cassação de ACM.

Não convidem para a mesma sociedade Andrea Calabi, da Telecom Italia, e Daniel Dantas, do Oportunity. Eles andam às turras. Para desespero dos diretores de fundos de pensão.

Antônio Carlos Magalhães anda tão à procura de amigos que interpelou seu velho desafeto Ney Suassuna, a quem já chamou de “palhaço da gravata”. Saiu-se com essa: “Linda gravata!”