A peça mais baratinha das duas lojas Emporio Armani instaladas no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo, é uma meia de algodão. Custa R$ 59. Mas os preços salgados nunca afastaram os compradores. Pelo contrário. Inaugurados em 1998 e 2000, os Empórios comemoram um aumento de 30% nas vendas. O negócio deu tão certo que a dona das franquias, a empresária Michelle Nasser, abre as portas na quarta-feira 3 da primeira butique Giorgio Armani da América Latina, na rua Bela Cintra, também nos Jardins. Todas as roupas, com a etiqueta Black Label, são top de linha. Ou seja, o que o estilista italiano – ícone da moda reverenciado com uma exposição de 400 criações dos últimos 25 anos de carreira no Guggenheim Museum Bilbao, em Bilbao, na Espanha – tem de mais chique. Para coquetéis, jantares, noites de gala e bolsos abastados, os modelos são dos desfiles da coleção primavera-verão Europa. Alguns são de produção limitada a 100 peças. Dificilmente vai haver no mundo outra pessoa com um longo como o de alcinha e decote quadrado todo bordado em cristal swarowsky austríaco transparente. A peça custa US$ 35 mil (cerca de R$ 80 mil), e leva quem chegar primeiro.

Da coleção masculina, é “quase exclusivo” também o “costume” (terno) em lã super 200 (a metade da textura tradicional), feito à mão e com forro costurado por partes para facilitar o reparo no caso de um pequeno desgaste do tecido. Há apenas dois à venda, nas cores cinza-risca-de-giz e preta. Seu preço, assim como de outras peças da loja, ainda não está definido. Mas na Itália os ternos Armani não saem por menos de R$ 3,5 mil. “Ofereço diferentes marcas com vários níveis de preço para que a minha visão da moda seja acessível. Tenho muitos clientes brasileiros nas butiques Armani e acredito que no Brasil haja um enorme potencial de compra”, aposta o estilista.

A Armani tropical também irá comercializar a primeira coleção de jóias do estilista. São 54 diferente colares (a partir de R$ 2,5 mil) e brincos (a partir de R$ 1 mil), em cristal, ônix, ametista, madrepérola, labradorita. Algumas são amarradas em couro. Para os homens, abotoaduras em prata, ônix ou lápis-lazúli. Para marcar a estréia do espaço, haverá um coquetel e um “soft opening” com champanhe e vinho prosecco à vontade. “Queríamos fazer um desfile. Mas Armani só autoriza em seu pallazzo em Milão”, lamenta a gerente comercial Patrícia Gaia, que submeteu a loja a sessões de radiestesia e feng shui, escondeu metais e pedras “de cura” nos móveis e araras para limpar o ambiente. Para atrair fartura e prosperidade, também foi instalado um espelho- d’água retangular de 1,80m x 1,25m de largura na entrada da loja. A butique tem uma área de 620 metros quadrados e dois andares. A fachada, pisos e paredes são em pedra St. Maxim creme, vinda da França. Os móveis são de ébano Macassar e as luminárias italianas em bronze oxidado. Tudo clean, discreto, no estilo Armani.

Aos 66 anos, o italiano que tirou a goma da roupa masculina transformou-se numa indústria que não pára de crescer. Mantém 242 lojas em 33 países. É nome de óculos, relógio, perfume, roupas de cama, mesa, banho e móveis. A receita do grupo Giorgio Armani S.A. em 2000 foi de 2,2 trilhões de liras (R$ 2,1 bilhões). Os Estados Unidos são seu maior comprador e respondem por 34% dos lucros. Para 2001, Armani planeja a abertura de mais 25 lojas no mundo e a inauguração de um teatro em Milão. Ele credita o sucesso ao fato de “nunca ter perseguido tendências” e ter se mantido fiel a seu estilo. Afinal, não se mexe em time que está ganhando. “Esse derramamento catártico da moda, a idéia de última chance, de senhoras e senhores, todos a bordo, não é a criatividade que eu procuro. Não sei o que os estilistas irão inventar nesse século. Eu vou continuar mantendo o conforto aliado à elegância. É o que a moda deve oferecer”. Palavra de mestre.