Numa linha visual bem mais chique que seus comparsas de ritmo, geralmente cheios das correntes de ouro e espalhafatosos agasalhos esportivos, o grupo americano de rap Run Dmc também se diferencia pelas expressões. Embora não apareçam sorrindo nas fotos, pelo menos não fazem aquelas caras de quem quer acabar com o primeiro branco que surgir à sua frente, como é comum com a maioria dos rappers. Afinal, o Run Dmc já determinou tendências, foi a primeira banda do gênero a ser estampada em capas de revistas importantes e a receber disco de ouro, platina e múltiplo de platina. Sumido desde 1993 da mídia, Rum Dmc volta agora com seu sétimo trabalho, Crown royal, e, como sempre, cheio de samples e daquela enxurrada de palavras que eles dizem ser letras. São estrofes e versos quilométricos acompanhados da tradicional batida eletrônica da moderna música negra e samples, muitos samples. Na faixa-título, por exemplo, o trio tirou do fundo do baú o tema do filme épico Exodus. Em Them girls preferiu apelar para o balanço de um iê-iê-iê original. Não é um álbum destinado para ouvintes fora do gueto. Em sua função de majestade do rap, no entanto, o grupo consegue atender às necessidades. Mostra-se mais melodioso que a maioria dos colegas e menos radical ao dar ginga roqueira para algumas canções. Destaca-se quem pode.