O líder do PT na Câmara, deputado Walter Pinheiro (BA), anunciou, na quinta-feira 25, que conseguiu número suficiente de assinaturas para pedir a criação da CPI da Corrupção. A oposição já passou da marca das 180 assinaturas, mais que as 171 exigidas. Agora, a guerra governista é tentar reverter uma parte das adesões, convencendo deputados a retirarem seus nomes da lista. O governo deve pôr em prática o toma-lá-dá-cá, negociando cargos e verbas. Para o governo, a CPI é uma fonte de dores de cabeça. Além de atravancar a votação de projetos de interesse do Executivo, como a lei das Sociedades Anônimas e a reforma tributária, a comissão funcionará como precioso palanque para a oposição e instrumento de pressão nas mãos da ala fisiológica da base aliada. Embora garanta que conseguiu o arrependimento de pelo menos 11 deputados, o governo já trabalha com a hipótese de derrota. Planeja adiar ao máximo a instalação da comissão, retardando a indicação de seus integrantes. Os líderes governistas também começam a falar em restringir a extensa pauta da CPI, que inclui 19 denúncias de maracutaias, para diminuir o seu potencial estrago. Nessa estratégia, não poupam os aliados. A idéia é tentar negociar a exclusão de itens que estremecem o tucanato, mantendo, por exemplo, os casos de desvio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que envolvem sindicatos ligados ao PT, e da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que atinge o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). Seguindo a tática de mostrar que o governo está apurando as denúncias sem precisar de CPI, o presidente Fernando Henrique Cardoso demitiu, quarta-feira 25, o ex-superintendente da Sudam José Arthur Tourinho, que estava apenas afastado do cargo. Tourinho foi indicado por Jader e é suspeito de envolvimento no esquema de desvio de recursos do órgão.

O avanço das investigações do caso Sudam complica cada vez mais a vida do presidente do Senado. A revelação mais recente dá conta de que a mulher de Jader, Márcia Centeno, teria recebido R$ 9,6 milhões da superintendência para criar rãs em sociedade com uma amiga. O ranário existe, mas não foi totalmente implantado. O projeto foi suspenso pela Sudam, que pôs a aplicação dos recursos sob suspeita. Jader nega as irregularidades e diz que a Sudam só liberou R$ 422 mil. Um ilustre tucano também entrou na linha de tiro com a divulgação do relatório final da CPI da Sudene, superintendência dedicada à concessão de empréstimos subsidiados a empresas do Nordeste. A CPI concluiu que os projetos sob suspeita de fraude ou desvio somam R$ 2,2 bilhões, uma cifra ainda mais alta que o prejuízo de R$ 1,8 bilhão contabilizado na Sudam. Entre as centenas de operações suspeitas de fraude estão empréstimos concedidos a duas empresas do governador do Ceará, Tasso Jereissati: a Imobiliária Jereissati e a Frutop Produtora de Alimentos. O governador nega que suas empresas tenham recebido recursos.