A crise política provocada pela captura de um avião de espionagem americano pela China despertou o medo atávico do Ocidente em relação aos mistérios e o poderio do mais populoso país do mundo. Quem entende os chineses? Como eles conseguem, por exemplo, exportar produtos a preços ridículos sem matar de fome seus operários e ainda sustentar padrões de saúde, educação e nutrição pelo menos equivalentes aos do Brasil? Esse e outros aspectos da economia chinesa continuam intrigando os estrangeiros. Até estimar a ordem de grandeza da economia chinesa é difícil. À primeira vista, não chega a ser impressionante: convertida pela taxa de câmbio, é de menos de US$ 1 trilhão, o que dá uma renda per capita pouco maior que a de Zimbábue. Mas, segundo estimativas usadas pelo insuspeito serviço de informações americano (CIA), o custo de vida na China é cinco vezes menor que nos Estados Unidos – ou seja, um yuan compra cinco vezes mais do que o câmbio sugere. Aluguéis, produtos básicos e serviços públicos são subsidiados pelo Estado e extremamente baratos.

Levando isso em conta, mais a anexação definitiva de Hong Kong, que ainda aparece como uma economia separada nas estatísticas internacionais, a economia chinesa salta para US$ 4,9 trilhões (metade da americana) e é a segunda do mundo – 70% maior que a do Japão –, com renda per capita de US$ 4.000, comparável à média dos países latino-americanos.

Oferecendo também energia, infra-estrutura e matérias-primas baratas, a China, embora desobedeça sistematicamente todos os itens da cartilha neoliberal e continue se dizendo socialista, tornou-se o maior pólo de atração de capitais estrangeiros entre os países em desenvolvimento – ao passo que alunos exemplares, como a Argentina, são punidos com fuga de capital e crises financeiras.

Por menos lógico que pareça, o mundo capitalista já investiu mais de US$ 300 bilhões no último reduto importante do marxismo em todo o mundo. E os quatro maiores investidores e parceiros comerciais do dragão chinês são justamente seus arquiinimigos históricos: os EUA, com quem os chineses continuam em clima de guerra fria; o Japão, que durante a Segunda Guerra Mundial deu o melhor de si para escravizar a China e até hoje se recusa a assumir a responsabilidade pelos crimes de guerra ali cometidos; a Coréia do Sul, que durante a guerra de 1950-53 quase foi riscada do mapa pelos chineses; e Taiwan.

O relacionamento entre China e Taiwan é outra peça de realismo fantástico. Existe um país chamado Taiwan? Nos jornais, almanaques e enciclopédias, sim. É inútil, porém, procurar Taiwan nos documentos oficiais dos EUA, da ONU, do Banco Mundial ou da OMC: há só referências a uma tal “Taipé chinesa”. Também é inútil buscá-la nos documentos do governo de Taipé, que se intitula “República da China”.

A crise política provocada pela captura de um avião de espionagem americano pela China despertou o medo atávico do Ocidente em relação aos mistérios e o poderio do mais populoso país do mundo. Quem entende os chineses? Como eles conseguem, por exemplo, exportar produtos a preços ridículos sem matar de fome seus operários e ainda sustentar padrões de saúde, educação e nutrição pelo menos equivalentes aos do Brasil? Esse e outros aspectos da economia chinesa continuam intrigando os estrangeiros. Até estimar a ordem de grandeza da economia chinesa é difícil. À primeira vista, não chega a ser impressionante: convertida pela taxa de câmbio, é de menos de US$ 1 trilhão, o que dá uma renda per capita pouco maior que a de Zimbábue. Mas, segundo estimativas usadas pelo insuspeito serviço de informações americano (CIA), o custo de vida na China é cinco vezes menor que nos Estados Unidos – ou seja, um yuan compra cinco vezes mais do que o câmbio sugere. Aluguéis, produtos básicos e serviços públicos são subsidiados pelo Estado e extremamente baratos.

Levando isso em conta, mais a anexação definitiva de Hong Kong, que ainda aparece como uma economia separada nas estatísticas internacionais, a economia chinesa salta para US$ 4,9 trilhões (metade da americana) e é a segunda do mundo – 70% maior que a do Japão –, com renda per capita de US$ 4.000, comparável à média dos países latino-americanos.

Oferecendo também energia, infra-estrutura e matérias-primas baratas, a China, embora desobedeça sistematicamente todos os itens da cartilha neoliberal e continue se dizendo socialista, tornou-se o maior pólo de atração de capitais estrangeiros entre os países em desenvolvimento – ao passo que alunos exemplares, como a Argentina, são punidos com fuga de capital e crises financeiras.

Por menos lógico que pareça, o mundo capitalista já investiu mais de US$ 300 bilhões no último reduto importante do marxismo em todo o mundo. E os quatro maiores investidores e parceiros comerciais do dragão chinês são justamente seus arquiinimigos históricos: os EUA, com quem os chineses continuam em clima de guerra fria; o Japão, que durante a Segunda Guerra Mundial deu o melhor de si para escravizar a China e até hoje se recusa a assumir a responsabilidade pelos crimes de guerra ali cometidos; a Coréia do Sul, que durante a guerra de 1950-53 quase foi riscada do mapa pelos chineses; e Taiwan.

O relacionamento entre China e Taiwan é outra peça de realismo fantástico. Existe um país chamado Taiwan? Nos jornais, almanaques e enciclopédias, sim. É inútil, porém, procurar Taiwan nos documentos oficiais dos EUA, da ONU, do Banco Mundial ou da OMC: há só referências a uma tal “Taipé chinesa”. Também é inútil buscá-la nos documentos do governo de Taipé, que se intitula “República da China”.