Uma tarde de gala em Itaquera, na zona leste de São Paulo. Foi o que se viu na estreia da Copa de 2014, com a vitória de 3 a 1 da Seleção Brasileira contra a Croácia. E não só pelo que aconteceu em campo, com o show dos craques Neymar e Oscar. Ao contrário de todas as previsões alarmistas, não houve greve do metrô paulistano, a grande maioria dos torcedores chegou tranquilamente ao estádio usando o transporte público e os protestos foram pequenos e localizados. Uma conquista de toda a sociedade brasileira, que, a despeito das críticas, colocou de pé aquela que promete ser a maior de todas as Copas.

Para alguns, o Brasil não fez mais do que sua obrigação. Pode até ser. Mas é muito quando se leva em conta a onda de derrotismo que se alastrou pelo País nos meses que antecederam a Copa. Havia quem previsse a “Copa do medo”, e não uma Copa do Mundo. A “pátria em chuteiras”, de Nelson Rodrigues, havia se convertido em “chuteiras sem pátria”. Mas nada foi tão risível quanto a previsão de que os estádios só ficariam prontos em 2038…

Tudo isso é passado. O que se vê agora no Brasil é uma festa sem precedentes, que acolhe a todos os povos. E quem vem de fora antes se surpreendia com o estado psicológico que reinava no País até pouco antes da estreia. Agora, superada a tensão inicial, a tendência é que a população passe da depressão à euforia. Afinal, as expectativas haviam sido tão rebaixadas, que a simples normalidade do evento já será percebida como uma grande conquista.

Tudo, na estreia, foi simbólico e grandioso. A começar pelo “Hino Nacional” cantado a plenos pulmões pelos jogadores e pela torcida. Em seguida, o clássico “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. Depois, o sangue-frio de Neymar, que não sentiu o peso da estreia, chamou a responsabilidade para si e empatou o jogo num momento crucial. Fred, que mal tocara na bola, soube cavar um pênalti na hora decisiva. E Oscar, que vinha sendo o jogador mais criticado e contestado da Seleção Brasileira, foi simplesmente gigantesco. Fenomenal, ao fazer o terceiro gol de bico – e com a marca do craque.

Pode ser que o Brasil tropece nas próximas partidas e não chegue ao título. Ou, quem sabe, que conquiste o hexa. Mas o mais importante que aconteceu em Itaquera foi a vitória fora de campo. Simplesmente, a festa saiu melhor do que a encomenda e a esperança venceu o medo.