Nos seus 110 anos de existência, jamais a Fifa e seus principais dirigentes iniciaram uma Copa do Mundo tão pressionados quanto a desta edição no Brasil. Tanto a entidade quanto seu principal representante, o suíço Joseph Blatter, têm sido alvos permanentes de críticas por parte dos torcedores, dirigentes de associações de futebol e até de seus principais patrocinadores – empresas multinacionais que pagam milhões de dólares todos os anos para ter seus nomes associados à imagem da entidade e do futebol. No cerne do descontentamento estão as repetidas acusações de corrupção envolvendo a Fifa e a maneira como Blatter tem se mantido no poder desde 1998, quando substituiu o brasileiro João Havelange.

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CORNER
Joseph Blatter prometeu dobrar bônus às federações de futebol
para conquistar a reeleição nas eleições do ano que vem

Além da série de protestos inéditos contra uma Copa do Mundo no país-sede, Blatter enfrentou uma rebelião interna na mesma semana da abertura do Mundial. No 64º Congresso da Fifa, que aconteceu nos dias 10 e 11 de junho em São Paulo, a poderosa Uefa rebelou-se e exigiu que era o momento para o dirigente suíço deixar o cargo. Os europeus tentaram aprovar uma resolução que limita a 72 anos a idade do presidente da Fifa – Blatter tem 78 –, mas foram derrotados.

A artilharia pesada europeia ficou por conta do presidente da Federação Holandesa de Futebol, Michael Van Praag. À imprensa ele afirmou, de forma categórica: “Blatter não é levado a sério e isso não é bom nem para a Fifa nem para o futebol.” Michel Platini, o favorito dos europeus para assumir o comando da entidade, tem se mantido afastado das polêmicas, ao menos por enquanto. De acordo com ele, só em setembro ele vai decidir se concorrerá ou não ao cargo nas eleições de 2015.

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ESPREITA
Platini preferiu deixar os ataques a Blatter a cargo do
presidente da Federação Holandesa e ainda não
decidiu se concorrerá à presidência da Fifa

Com um lucro quatro vezes maior nesta Copa do Mundo – US$ 4,5 bilhões – Blatter está com os cofres cheios para fazer o que mais sabe para agradar seus correligionários. No Congresso deste ano, pouco antes da votação da medida que propunha limitar a idade do principal mandatário, anunciou que dobraria os bônus concedidos todos os anos pela Fifa às federações mundiais. Hoje, quase 210 países são filiados à entidade e Blatter tem o apoio de quatro das seis confederações regionais.

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Enquanto os dirigentes se engalfinham nessa agressiva disputa por poder, os patrocinadores da entidade se mostram cada vez mais preocupados com a sucessão de acusações de corrupção envolvendo a Fifa. Na última delas, a respeito da compra de votos pelo Catar para ter o direito de sediar o Mundial de 2022, Sony e Adidas decidiram se manifestar. As duas multinacionais, que têm contrato até 2030 com a entidade e, estima-se, pagam US$ 25 milhões ao ano, exigiram uma investigação profunda sobre os problemas envolvendo o país do Oriente Médio. A Fifa, por enquanto, afirmou apenas que montará um grupo de trabalho para analisar o que de fato aconteceu. Mas, com as pressões aumentando, é possível que Blatter precise cortar a própria carne para sobreviver.

Foto: Thiago Bernardes/Frame, AFP Photo/Fabrice Coffrini


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