Apesar do saldo positivo, o primeiro dia de Copa do Mundo no Brasil teve uma cara bastante parecida com a partida que a Seleção Brasileira disputou no gramado do estádio do Corinthians, na zona leste de São Paulo: repleta de pequenos problemas, mas que não comprometeram o resultado final. Desde a apresentação de abertura morna, com pouca criatividade e repleta de clichês, passando pela decepção e desatenção com a veste robótica usada por um cadeirante para dar o chute inicial, até os problemas na Arena Corinthians, toda a organização sob responsabilidade da Fifa dava a impressão de que houve muito improviso.

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MAIS DO MESMO
Show de abertura foi um festival de clichês sobre o Brasil

Enquanto o transporte, o maior temor dos dias que antecederam a abertura do Mundial por conta de uma greve dos metroviários paulistas, se saiu melhor do que o esperado, a Arena Corinthians mostrou que os atrasos nas obras e a falta de testes cobraram um preço alto no primeiro jogo do Mundial. Por todas as partes do estádio era possível encontrar entulhos, restos de obras, e até no camarote que recebeu a presidenta Dilma Rousseff e os oito chefes de Estado que assistiram ao jogo Brasil e Croácia o cheiro de tinta fresca estava presente. Nas áreas Vips, aquelas destinadas a celebridades e aos convidados dos patrocinadores da Copa do Mundo, a falta de luz deixou corredores na penumbra e impediu o funcionamento apropriado dos elevadores, provocando enormes filas. “É impressionante como as coisas ainda estão por ser feitas, não esperava por isso”, afirmou o analista de mercado Cláudio Heringer, convidado de uma empresa multinacional e que precisou pegar uma escada com fios expostos para chegar a um restaurante que servia almoço e bebidas aos Vips.

A falta de luz também atingiu boa parte das 62 mil pessoas que foram ao estádio na quinta-feira. Por duas vezes os refletores de dois setores do Itaquerão se apagaram, reduzindo em 20% a iluminação do estádio. Por sorte, as falhas aconteceram com o dia ainda claro e não chegaram a comprometer a partida.

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FORA DO TOM
J.Lo, Pitbull e Claudia Leitte apenas fingiram
cantar a música da Copa, "We Are One"

Bem antes disso, no entanto, o atendimento ao público nos bares e lanchonetes do estádio foi duramente comprometido pela escassez de produtos e pela demora para conseguir se comprar uma simples garrafa de água mineral, vendida por R$ 6. Os sanduíches, frios, terminaram antes mesmo do início da festa de abertura, e os torcedores precisavam gastar até 30 minutos para serem atendidos.

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A pobre festa de abertura comandada pela belga
Daphné Cornez foi motivo de críticas no brasil e no mundo

Para completar o cardápio de frustrações de um dia que se mostrou bem menos complicado do que previam os mais pessimistas, a festa de abertura, comandada pela belga Daphné Cornez, foi motivo de críticas tanto dentro quanto fora do estádio. Com um espetáculo pobre, repleto de espaços vazios no gramado, a apresentação parece ter agradado a pouca gente. Enquanto a imprensa mundial apontava erros e situações esdrúxulas, como o constrangedor playback descompassado de Claudia Leitte, Jennifer Lopez e Pitbull, boa parte do público aproveitou para se dedicar a uma função menos nobre, porém mais pragmática: enfrentar as longas filas para conseguir, depois de muitos anos, tomar uma cerveja dentro de um estádio de futebol no Brasil.

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DECEPÇÃO
Quem esperava uma caminhada viu apenas um chutinho
do cadeirante utilizando o exoesqueleto de Nicolelis

Fotos: VANDERLEI ALMEIDA, PEDRO UGARTE – AFP; Reginaldo Castro; Reginaldo Castro/Estadão Conteúdo


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