Embora ele não tenha nenhuma representação no Congresso Nacional, tampouco nas Assembleias Legislativas do País, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), com míseros 17 mil filiados, tem atrapalhado o cotidiano de milhões de pessoas nas principais cidades do País. Com bandeiras retrógradas, o partido prega o fim do capitalismo e a revolução socialista. Nascida de uma das costelas do PT, a agremiação de extrema esquerda surgiu depois de a tendência Convergência Socialista ter sido expulsa do PT em 1992 por defender um “golpe branco de estado” – eles propunham fechar o Congresso Nacional, romper com o FMI e derrubar o governo do ex-presidente Fernando Collor (1990 a 1992), na marra. De lá para cá, mesmo sem sucesso eleitoral, o PSTU passou a fazer estardalhaço, principalmente depois de 2004, quando criou a Central Sindical e Popular – Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas, fruto de um racha da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Hoje, eles juram que controlam três milhões de trabalhadores nos 250 sindicatos e movimentos sociais filiados, incluindo os metroviários de São Paulo, professores universitários, metalúrgicos, rodoviários e operários da construção, a maioria ligada ao funcionalismo público. Para conseguirem êxito, os militantes da Conlutas usam e abusam de ações nada democráticas.

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ARRUAÇAS
A pretexto de lutar por melhores salários, o PSTU estabelece o caos e a baderna

A imagem pronta e acabada da disposição desse grupo para atormentar o dia a dia dos brasileiros pôde ser observada durante manifestação contra a Copa na manhã da quinta-feira 12, que ocorreu na porta do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, dirigido por eles, na região do estádio de Itaquera. O protesto reuniu 150 pessoas. O Batalhão de Choque impediu que manifestantes seguissem para a Radial Leste, via de acesso ao estádio. O ato deixou três detidos e seis pessoas feridas. Mascarados atearam fogo a lixeiras e lançaram bombas contra a PM. Dias antes, o mesmo grupo conturbou a rotina de milhões de pessoas ao paralisar as atividades do metrô. Ao fim, sofreu uma fragorosa derrota: 42 pessoas foram demitidas e os metroviários tiveram de voltar ao trabalho. A Justiça determinou o fim da paralisação, fixou multa de R$ 100 mil e R$ 500 mil pelos dias parados antes e depois do julgamento. A multa é aplicada à entidade sindical, mas quem vai pagar são os trabalhadores, de onde vêm os recursos do Sindicato dos Metroviários.

Como os metroviários são funcionários públicos, no final das contas, será a população que vai pagar essas multas geradas pelo desrespeito à Justiça durante a greve.

Os resultados foram desastrosos para toda a população, para o comércio, para o direito de ir e vir das pessoas e para os próprios metroviários.

Mas os cabeças do Sindicato dos Metroviários ganharam visibilidade.
Perturbar a vida das pessoas, com a desculpa de lutar por melhores salários, é a bandeira desse agrupamento. O objetivo é estabelecer o caos e a baderna. Por incrível que pareça, o maior inimigo do PSTU/Conlutas, além da população que sofre com as greves, é outra agremiação de extrema esquerda, a Causa Operária. “A Conlutas é apenas uma organização de fachada, em que não há princípios a se guardar e muito menos um programa político a defender”, acusam os dirigentes da Causa Operária.

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PREJUÍZOS
A greve dos metroviários foi desastrosa para toda a população,
para o comércio, para o direito de ir e vir das pessoas

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À frente do PSTU/Conlutas está o metalúrgico José Maria de Almeida, um fracassado candidato a presidente da República que disputou todos os pleitos desde a redemocratização do País e nunca conseguiu mais que cerca de 80 mil votos. Ex-petista, Almeida é figurinha carimbada nas manifestações desde a década de 1970, quando esteve preso ao lado de Lula em maio de 1980, com base na Lei de Segurança Nacional. Para o PSTU, o PT é o partido a ser batido. “É preciso expropriar as multinacionais e os bancos para conseguir salários, empregos, saúde e educação gratuitos e de qualidade”, prega Almeida. Os eleitores parecem pouco ou quase nada seduzidos por esse discurso. Nas eleições municipais de 2012, o PSTU teve apenas 0,17% dos votos válidos em todo o País. Hoje, o partido só tem dois vereadores eleitos: um em Natal e outro em Belém.

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A central sindical ligada ao PSTU também não conseguiu até hoje o número mínimo de sindicatos filiados para ser reconhecida pelo governo. Faltam oito filiações sindicais para ela ter o direito de receber as verbas oriundas do imposto sindical. Mas eles dizem ser contra a taxação. Na prática, os militantes do PSTU/Conlutas acreditam que estão em busca de um Estado Operário e na batalha pela construção de um “exército vermelho”. Dizem eles: “A retomada das mobilizações populares vem demonstrar o caráter internacional das lutas contra o capitalismo. Também reafirma a urgência de uma saída socialista que acabe com toda a exploração e opressão.”

Fotos: Marlene Bergamo/Folhapress; PETER LEONE, MARCOS BEZERRA – FUTURA PRESS