Assim como os estilistas estão insistindo nas cores na moda outono-inverno, os designers de jóias também tentam acompanhar o compasso. Nesta semana que antecede o Dias das Mães, as vitrines das joalherias estão forradas por acessórios de cores quentes, que vão do amarelo ao marrom. As formas são variadas, mas as folhas estilizadas são as grandes vedetes da estação. No entanto, por mais que os joalheiros queiram entrar nas tendências ditadas pelos estilistas, eles acabam fugindo à regra. Sabem que, na verdade, jóia está acima da ditadura de qualquer modismo. E a imaginação deles voa diante de materiais inusitados e designers arrojados.

Foto: Dárcio de Jesus

O mineiro Christo Kiffer vai mostrar sua arte em Nova York. Anéis (R$ 5.750)

As cores e as folhas estão nas vitrines, é claro, mas ao lado de muitas outras opções de formas e, principalmente, de preços. As jóias estão cada vez mais acessíveis. O custo varia pela qualidade, design, grife e materiais utilizados – vai de de R$ 50 a R$ 17 mil. Ou seja, esses pequenos (ou grandes) objetos de prazer e consumo estão aí ao alcance de todos os gostos e, principalmente, de quase todos os bolsos. Pedrinhas brasileiras, que antes só eram usadas em bijuterias, hoje casam com ouro branco, fazem par com brilhantes e rubis. O resultado agrada em cheio. A design paulista Tati Collet, por exemplo, faz essa metamorfose com criatividade. Suas jóias são tão simples que parecem fantasias. “Misturo ouro e brilhantes com materiais inusitados, como semente de tucum ou ossinhos. O resultado surpreende!”, diz a artista. Ela explica que o tucum é a semente do coqueiro tucumã e os ossinhos são de animais pequenos manipulados pelos índios. O carioca Rony Leeberman também abraçou a idéia, mas apostou mais em materiais nobres e tamanhos exagerados. Anéis quadradões em brilhantes e estampados com ouro fazem parte da nova coleção.

Foto: Dárcio de Jesus

Rony Leeberman abusa dos anéis enormes com estampas em ouro e brilhantes (R$ 2.500)

Na verdade, jóia hoje não é mais vista como investimento. “As mulheres querem se enfeitar”, avalia o artista espanhol Patxy Orjales. Ele tem duas lojas em São Paulo. A OZ trabalha com prata, ouro, pedras brasileiras, preciosas ou não, e desenhos raros. Já a Carmel se destaca pelas bijuterias malucas. O xodó de Patxy, porém, é a OZ.

“Faço jóias para serem compradas, usadas. Quero que todas as mulheres tenham acesso a elas”, diz. “Gosto do primitivo, da natureza. Fujo do rococó e deixo a pedra bruta.”

Quem, no entanto, prefere algo não só mais valioso como extravagante num estilo meio Elizabeth Taylor moderna pode investir nas jóias Villar. O proprietário da marca, Lydiberto Villar, também joga as fichas nas cores. Sua coleção Bouquet, formada por anéis e brincos – chamados de pavê de brilhantes coloridos –, fez o maior sucesso na feira de Basel, na Basiléia, Suíça, a mais importante do gênero. A empresária Maria Eugênia Dickerhorf adora as maravilhas de Villar.

Foto: Dárcio de Jesus

Anel em brilhante e kunzita (R$ 9.600) e em rubi e ametista (ao lado). Anel (R$ 7.600) e brincos (R$ 5.800)

“Tudo o que ele faz é bonito, bem acabado. A gente percebe que é um acessório muito especial”, elogia a cliente.

Por fim, se a preferência está no design acima de qualquer diamante, vai atrás do trabalho do mineiro Christo Kiffer. Além de ter participado da feira de Basel, em março passado, ele prepara uma coleção especial para apresentar na International Jewelry Design Guild, em agosto, em Nova York. “Estaremos na ala New Designer Gallery, dedicada apenas a 12 novos designers. Eu serei um deles e não poderia estar mais orgulhoso”, comemora. O trabalho de Christo brilha pelo desenho diferenciado. É isso que conta cada vez mais na hora de escolher as jóias.

Foto: Dárcio de Jesus

Patxy Orjales criou pulseiras finas (R$ 15 cada) usadas com grossas (R$ 180 cada), pura prata