Todo mundo já está careca de saber, ou de ouvir, a determinante frase do falecido artista pop Andy Warhol de que no futuro cada pessoa seria famosa por 15 minutos. É em torno desta obsessão pela notoriedade que o diretor John Herzfeld construiu 15 minutos (15 minutes, Estados Unidos, 2001), estréia nacional na sexta-feira 27. Na história, o detetive Eddie Fleming (Robert De Niro) é uma espécie de popstar das algemas, cujas diligências são acompanhadas e glamourizadas pela televisão. Até ele se deparar com o talento criminal de uma dupla de bandidos do Leste Europeu. O policial passa, então, a contar com a colaboração do investigador Jordy Warsaw (Edward Burns), um profissional à moda antiga, apesar de jovem. A partir daí fica estabelecido um jogo maquiavélico com os policiais, depois que um dos marginais, o tcheco Emil Slovak (Karel Roden), tem todos os seus movimentos filmados pelo comparsa, o russo Oleg Razgul (Oleg Taktarov), um brutamontes maníaco por Frank Capra e cinema americano. Como gostam do resultado, começam a enviar aos policiais vídeos exibindo suas façanhas.

Razgul sabe que o registro dos assassinatos, emoldurados por declarações alucinadas e cenas grotescas, certamente fará sucesso na televisão americana. Desde sua chegada aos Estados Unidos, ele habituou-se a assistir aos programas sensacionalistas. Com estes conceitos, desenvolveu sua própria idéia sobre a América, país onde, segundo ele, qualquer pessoa pode ser perdoada de seus crimes se os confessar na tevê. Valendo-se desta relação equivocada, o diretor Herzfeld brinca o tempo todo com a linguagem do cinema, alternando película e vídeo, conforme a dupla marginal vai construindo seu próprio filme. Outra grande vantagem de 15 minutos é ter a volta do “ator” De Niro, há tempos acomodado em desempenhos e filmes burocráticos. L.C.