Se o assunto é ficção científica cinematográfica, a principal referência e unanimidade é 2001 – uma odisséia no espaço, filme de 1968 do falecido diretor americano Stanley Kubrick, que se baseou em uma novela do escritor Arthur Clarke. Era de esperar, então, que Brian De Palma dedicasse alguma espécie de homenagem a Kubrick, como já havia feito com Alfred Hitchcock, em Dublê de corpo. De fato, Missão: Marte (Mission to Mars, Estados Unidos, 2000), em cartaz nacional, tem muito de 2001. Em sua tentativa de recriar a marca kubrickiana, De Palma imita até mesmo o deslizar majestoso das espaçonaves pelo vazio, tendo música ao fundo. Só que em vez de Strauss apelou para o onipresente Ennio Morricone.
De nada adiantou tanta reverência. Na hora de contar sua história, o cineasta ficou muito mais próximo de John Cameron, de O abismo, embarcando numa fantasia infantil que envolve alienígenas benevolentes e loucos para estabelecer contato com terráqueos. Nem mesmo as metáforas de Kubrick estão presentes. Ao contrário, tudo é tão explicadinho que talvez nem os adolescentes amantes das gosmas cósmicas dos filmes B vão gostar. Azar da Touchstone Pictures, que desembolsou US$ 90 milhões, incluindo efeitos especiais magníficos, mas que soltos na trama inibem a tensão natural desse tipo de filme e deixam o elenco, encabeçado pelos ótimos Tim Robbins e Gary Sinise, literalmente à deriva.