Enquanto a definição sobre o destino político do senador Luiz Estevão (PMDB-DF) caminha a passos de tartaruga no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, a Justiça, tida como lenta, apressou-se em complicar seu futuro. Na semana passada, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra o senador, acusado de sonegar impostos como sócio na Comercial OK Benfica de Pneus. E a Justiça Federal de São Paulo decretou, em caráter liminar, o bloqueio dos bens do político, de sua mulher, Cleucy Meireles de Oliveira, e das empresas do Grupo OK. Ordenou também a quebra do sigilo bancário do senador. Estevão é acusado de participar do desvio de R$ 169 milhões da obra do Fórum Trabalhista de São Paulo, elefante branco de R$ 263,1 milhões arquitetado pelo juiz Nicolau dos Santos Neto e erguido pela construtora Ikal, de Fábio Monteiro de Barros Filho, amigo do senador. A Procuradoria da República acusa Estevão de ter embolsado US$ 34,2 milhões. No processo constam 2.349 telefonemas de Barros para o Grupo OK e mais 302 ligações para Estevão, além de outras 59 de Nicolau para as empresas do senador. São citadas ainda 109 operações de transferências de recursos das empresas de Barros para o Grupo OK entre 1992 e 1998. Luiz Estevão nega qualquer irregularidade e já entregou sua defesa ao Senado.