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IRREVERÊNCIA Na hora de escolher o codinome para uso dos agentes do Serviço Secreto, Obama se autodenominou “Renegado”

Barack Obama conquistou destaque na política americana durante a Convenção Nacional do Partido Democrata em Boston, em julho de 2004. Em discurso que causou comoção, afirmou que não existiam os Estados Unidos dos negros, dos brancos, dos latinos nem dos asiáticos. “Existem apenas os Estados Unidos da América”, disse. Dois anos e meio depois, o senador por Illinois trocou o mote da conciliação pelo da mudança (change, em inglês) e desencadeou uma tendência de comportamento: a Obamamania. Em um país exaurido pelos reveses da invasão do Iraque, pela crise no sistema imobiliário e pela ameaça de recessão, um candidato pregando o oposto à era George W. Bush tem se revelado bem-vindo entre os eleitores. Com seu mais recente discurso, Obama vem conquistando um batalhão de simpatizantes, como enfatizou na semana passada em New Hampshire: “Tem alguma coisa acontecendo quando americanos jovens em idade e em espírito, que nunca participaram da política antes, aparecem em quantidade jamais vista antes.”

Transformado em celebridade política da noite para o dia, o carismático Obama associa sua imagem de homem capaz de provocar mudanças à palavrachave da campanha: esperança. Revelase, no entanto, frágil pela inexperiência política e por não aprofundar suas propostas para o governo (leia quadro). Ao ser derrotada por ele em Iowa, na largada das eleições americanas, a senadora Hillary Clinton passou a argumentar justamente que não se pode fazer mudança sem ter experiência. Hillary conseguiu reverter o resultado de Iowa em New Hampshire, mas, na briga pela indicação a candidato do Partido Democrata à sucessão de Bush, ambos têm muito chão pela frente. O sistema eleitoral americano é demorado, com realização de prévias em todos os Estados e conseqüente indicação de delegados para a Convenção Nacional, marcada para agosto.

Obama marcou seu espaço na disputa ao se credenciar como o primeiro negro com chances reais de chegar à Casa Branca. A façanha ecoou na aldeia de Kolego, no Quênia, onde vive sua avó materna. Aos 46 anos, filho de um queniano que se casou com uma americana do Kansas, Obama nasceu no Havaí e tinha apenas dois anos na época da separação dos pais. Por quatro anos, viveu em Jacarta, na Indonésia, com a mãe. Depois, voltou a viver no Havaí, com os avós maternos. Formado em direito por Harvard, uma das prestigiosas universidades dos EUA, fincou raízes em Chicago a partir dos anos 80. Na cidade, onde foi líder comunitário, ficou conhecido por atuar em um grupo religioso que tentava melhorar as condições de vida de moradores de bairros com alto índice de criminalidade e de desemprego. Nos últimos tempos, Obama vem se mostrando também do contra e até irreverente. Foi com esse espírito que escolheu seu codinome para uso dos agentes do Serviço Secreto encarregados de sua segurança: Renegado

A arriscada estratégia de Rudolph Giuliani
Rudolph Giuliani, que passou os últimos meses apontado como favorito na disputa pela candidatura republicana, praticamente desapareceu depois do começo das eleições americanas. Os resultados preliminares colocaram em destaque seus concorrentes John McCain, Mitt Romney e Mike Huckabee. Em Iowa, Giuliani amargou o sexto lugar entre os republicanos, com 4,1% dos votos. Em New Hampshire, seus votos aumentaram para 11,8% do total, mas ele não passou da quarta posição entre os pré-candidatos do GOP, o Grande Velho Partido, como sua agremiação é conhecida na sigla em inglês. A votação pífia, porém, é coerente com a estratégia heterodoxa de campanha de Giuliani.

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APOSTA O ex-prefeito de Nova York concentra suas forças nos grandes Estados

Aos 63 anos, o republicano, que costuma ser apresentado nos comícios como “o prefeito da América”, decidiu pavimentar sua campanha na contramão da trajetória tradicional, que há décadas consolidou a importância da vitória na largada para ganhar força na indicação dos partidos. Assim, Iowa foi, na prática, ignorada, e sua passagem por New Hampshire simbólica, ao contrário do vencedor McCain, que estacionou no Estado junto com seu ônibus de campanha, batizado de Expresso da Conversa Franca.

Giuliani, por sua vez, desde o começo está concentrando forças nos grandes Estados, a começar pela Flórida, cujas primárias acontecem em 29 de janeiro. Apostando na arrancada tardia, espera a virada na Superterça, o dia 5 de fevereiro, quando acontecerão primárias republicanas em 24 Estados. Questionado na semana passada sobre o alto risco de sua estratégia, Giuliani não se abalou. “Toda estratégia tem seus pontos fortes e fracos”, disse. “Toda estratégia se revela certa ou errada. E vocês sabem quando isso acontece? Quando as eleições acabam.”