"Ao analisar os 500 anos de história do Brasil, o professor Darcy Ribeiro concluiu que, hoje, temos duas perguntas importantes para responder: 1) Por que o Brasil não deu certo?, 2) O que cada brasileiro deve fazer para o País dar certo? O resto, para ele, é pura vadiagem acadêmica. O Brasil ainda não deu certo porque insiste em ser um país para poucos. O resultado estamos assistindo todos os dias, no campo da educação, por exemplo. Grande parte da população infantil e juvenil tem uma cobertura de educação em termos quantitativos, mas não qualitativos. Só uma pequena elite tem acesso à educação de qualidade. A maioria das crianças tem o seu futuro comprometido por esse verdadeiro exterminador do futuro que é o ensino de má qualidade, revelado através dos altos índices de repetência e do fracasso escolar. Somente 4,3% das crianças brasileiras completam oito anos do ensino fundamental no período de oito anos. Isso custa ao País R$ 3,5 bilhões ao ano. E tem o custo social. Cada criança que repete e sai da escola é mais um brasileiro despreparado para enfrentar o mercado de trabalho. Também o próximo cliente do tráfico de drogas, da prostituição infantil, da violência, das Febens. Tem ainda o custo político: é um brasileiro sem preparo para votar conscientemente.
A saída é um novo modelo de desenvolvimento econômico com equidade social. E uma nova ética, a da co-responsabilidade entre os três grandes setores da vida nacional: o primeiro setor, o Estado, que tem recursos públicos para fins públicos; o segundo setor, o privado, com recursos privados para fins privados; e o terceiro, com recursos privados para fins públicos. Mas hoje, infelizmente, temos ainda um quarto setor, que nos envergonha: ele utiliza os recursos públicos para fins privados. Esse é o que mais cresce e tem uma estratégia muito eficiente para se fortalecer. Quando dois ou três de seus membros são atingidos, eles acabam sacrificados. Mas apenas para manter a mesma estrutura. Por isso, temos de nos indignar hoje contra toda a indignação que fica só na indignação. E mudar essa situação. Motivo de orgulho, para mim, é a garra, a criatividade, a determinação, a afetividade e o calor do brasileiro.”
Viviane Senna é presidente do Instituto Ayrton Senna

Orgulho
Garra brasileira “Nosso povo é criativo, honesto. Trabalha duro e é determinado”
Valores e ética “O Brasil tem cara de Ayrton Senna, tem postura e dedicação”
Afetividade “O nosso país tem muito calor humano, o povo é alegre”

Vergonha
Analfabetismo “Só uma pequena elite tem acesso à educação no Brasil”
Corrupção “Temos o quarto setor com recursos públicos para fins privados”
Desigualdade “Cada criança que repete é um cliente da droga, das Febens”