Onze meses depois do incêndio de junho de 2013, o setor de transportes urbanos assombra a prefeitura paulistana de Fernando Haddad – de novo. Em vez dos garotos do Passe Livre, o foco está na nova diretoria do Sindicato dos Condutores de Ônibus de S. Paulo. A entidade foi capturada por uma central sindical, a UGT, após uma eleição que incluiu troca de tiros e denúncia de seis mil votos falsos. Os novos diretores se queixam de que até agora não foram recebidos pelo prefeito. Eles garantem que só querem uma conversa de boas-vindas, para apresentar as reivindicações, na qual pretendem convidar o prefeito para tirar uma foto de lembrança. Presidente da central, Ricardo Patah se define como dilmista fanático. Mas tem vices de cinco partidos diferentes.

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Visita relâmpago
A presidenta Dilma Rousseff passou menos de 15 minutos no município de Cabrobó, em Pernambuco, na semana passada. No reduto eleitoral do presidenciável Eduardo Campos (PSB), um grupo preparado para fazer uma manifestação com vaias e cartazes se deslocava para o local onde ­Dilma estava e quando chegaram lá ela havia ido embora.

Frente única entre Joaquim e Lewandowski
Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski polarizaram o julgamento da Ação Penal 470, mas ficaram unidos na defesa da restauração do Adicional por Tempo de Serviço. O projeto, em debate no Senado, eleva automaticamente os vencimentos do Judiciário em 5% a cada cinco anos, até um máximo de 35%, permitindo inclusive superação do teto constitucional. Também se preveem pagamentos retroativos. Senadores  receberam telefonemas de ministros solicitando apoio à proposta e acham difícil resistir.   

Solução haitiana
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anuncia nesta semana
o plano de integração que foi negociado com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito paulista, Fernando Haddad, para resolver o problema da migração de haitianos que chegam do Acre.

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Revisando as críticas
Os ataques de Marina Silva a Aécio ­Neves na semana passada levaram a cúpula da campanha de Eduardo Campos (PSB) a ­rever as estratégias. Nas redes sociais, as críticas não ­foram bem aceitas porque ambos reúnem eleitores insatisfeitos com o atual governo. A orientação é para que ­Marina baixe o tom.

Minha casa, minha dúvida
O governo tem certeza de que o programa habitacional Minha Casa Minha Vida seria um caminho infalível para esfriar movimentos pró-moradia. Mas há dois problemas. O primeiro é autorizar que militantes organizados possam furar a fila das residências, o que se considera inaceitável. O segundo seria entregar recursos públicos para entidades de sem-teto que poderiam administrar programas próprios. O Planalto teme a confusão político-financeira que poderia sair daí.

Meia-volta
Com excesso de divergências internas,
o governo abandonou o projeto de criar uma legislação contra protestos violentos durante a Copa. Entre senadores, não havia acordo sequer para proibir o uso de máscaras por manifestantes. Gleisi Hoffmann, do Paraná, era totalmente a favor. Lindbergh ­Farias, do Rio, totalmente contra. Outros ­senadores pretendiam criar uma terceira via, com muitas variantes à esquerda e à direita. Nos últimos dias, a ideia era deixar o projeto morrer em silêncio. Encarregado de promover o diálogo do Planalto com os movimentos
que criticavam a proposta, coube a Gilberto Carvalho anunciar a meia-volta do governo.

Prejuízo à  vista
Comerciantes de Brasília tentam na Justiça reverter a decisão da Fifa de fechar os shoppings durante os jogos da Copa do Mundo. A alegação é de que os prejuízos não poderão ser compensados ao longo do ano e lojas localizadas longe dos estádios nada têm a ver com os jogos.

Comprando briga
O ministro dos Transportes, César Borges, comprou briga com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Em reunião na semana passada, disse que o órgão regulador foi cooptado pelas empreiteiras e cobrou a abertura de oito processos contra concessionárias.

Rápidas
As cotoveladas entre partidários de Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT), pré-rivais na disputa pelo governo do Paraná, ameaçam ultrapassar toda fronteira civilizada.

Fernando Henrique Cardoso é o principal patrocinador da cota-mulher na chapa presidencial de Aécio Neves.

Retrato falado
Constrangimento foi o que não faltou durante a sessão de promulgação da emenda constitucional que estabelece o valor de R$ 25 mil como indenização para os “soldados da borracha” e seus dependentes legais. A proposta aprovada  não agradou ex-seringueiros, que voltaram para casa dizendo que receberam uma realidade muito pior do que promessas da vida toda. A relatora da matéria, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), se explicou afirmando que não tinha como fazer mais.

“É o reconhecimento pelo que fizeram. Esses R$ 25 mil de indenização foi o possível.  É um avanço, por mais que digam que é pouco”.

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Vital é mesmo Vital
O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) foi escalado para presidir a CPI da Petrobras no Senado por um motivo muito simples. Ele goza da confiança de Renan Calheiros, que sabe que Vital é capaz de agir de acordo com suas ordens. É a forma que o presidente do Senado encontrou para se preservar durante as investigações envolvendo a estatal.

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Implosão do Pros
O recém-criado Pros não consegue se entender internamente. O grupo de deputados da legenda trava uma guerra com a família dos irmãos Gomes, no Ceará, e isso tem irritado a presidenta Dilma Rousseff. Ela entregou o gigante Ministério da Integração à legenda, mas os parlamentares querem tirar o indicado de Cid Gomes, Francisco Teixeira, do cargo, sob ameaça de apoiarem Eduardo Campos (PSB) na disputa ao Planalto.

Toma lá dá cá
Laís Weber Abramo, diretora do escritório da Organização Internacional do Trabalho no Brasil, ajudou a organizar o Compromisso Nacional entre empresas, sindicatos e governo para aperfeiçoar as condições de trabalho na  Copa:

ISTOÉ – O que se pretende com esse Compromisso?
Laís – Entre hotéis, restaurantes, serviços de segurança, mais de 1,5 mil empresas já aderiram ao Compromisso. Esperamos pelo menos seis mil. A ideia é evitar que o trabalho temporário seja sinônimo de trabalho precário. Mesmo quem trabalhar por 48 pode ter um contrato que representa uma garantia.

ISTOÉ – Qual é a maior preocupação?
Laís – É cumprir o compromisso contra a exploração sexual
de crianças e adolescentes, que costuma crescer muito nessas ocasiões. A colaboração de hotéis, de taxistas e, claro, da polícia será fundamental.

ISTOÉ – Quem descumprir será punido?
Laís – Não. É um acordo voluntário. Só participa quem quiser. Mas estamos ajudando a criar e divulgar valores que a sociedade apoia e aceita. Quem não estiver enquadrado pode sofrer arranhões em seu prestígio e em sua imagem.   

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