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Confira trechos de apresentações marcantes do artista.

Jair Rodrigues tinha um pique invejável. Questionado certa vez sobre o segredo de tanta vitalidade, ele disse que sauna todo dia ajudava a manter o alto nível de energia aos 75 anos de idade, com shows marcados o ano todo. O corpo de Jair Rodrigues foi encontrado na manhã da quinta-feira 8 justamente na sauna de sua casa, em São Paulo. Infarto do miocárdio, segundo a assessoria JRC Produções, sua empresa, teria sido a causa da morte repentina. Dois dias antes, em um hotel na cidade de São Lourenço, em Minas Gerais, o precursor do rap no Brasil plantou bananeira, pulou e atendeu os pedidos de bis da plateia. Emocionou-se ao cantar “Romaria”, eternizada pela voz de sua mais lembrada parceira, Elis Regina. Segundo os produtores, teria ainda brincado de conversar com a colega, morta em 1982. “Olha, ‘Pimentinha’, manda um abraço para São Pedro porque eu não estou com pressa.”

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GÁS
Aos 75 anos de idade, o músico tinha agenda de shows e
energia de fazer inveja aos artistas das novas gerações

Paulista de Igarapava, Jair Rodrigues de Oliveira começou a cantar nos bares noturnos da cidade de São Carlos nos anos 1950. Mas considera o início da sua carreira 1962, ano em que gravou o primeiro disco, “um 78 rotações” com músicas de torcida para o Brasil na Copa do Mundo do Chile. A coroação, porém, veio com a vitória de “Disparada” no Festival de Música Popular Brasileira de 1966, primeiro lugar dividido com “A Banda”, de Chico Buarque, apresentada por Nara Leão. A partir daí, o cantor se firmou como uma das vozes – e presenças de palco – mais versáteis da música popular brasileira. Em 1971, gravou o samba-enredo “Festa para um Rei Negro”, da Acadêmicos do Salgueiro, do Rio. Saltava do samba para o baião, tendo passado com grande dignidade pelo sertanejo – com enorme sucesso na gravação de “Sua Majestade, o Sabiá” – e inaugurado o nosso rap.

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"Sua interpretação de ‘Disparada’, passados 40 anos
da apresentação, muito me emociona"

Dilma Rousseff, em nota

Uma de suas últimas aparições públicas em São Paulo ocorreu na estreia de “Elis, a Musical”, em cartaz no Teatro Alpha. O pai de Jair Oliveira Mello e Luciana Mello parou o espetáculo para aplaudir de pé o ator Ícaro Silva, que interpreta o cantor nos tempos dos festivais, comovendo a plateia com o mesmo sorriso largo que conquistou o público na interpretação do sertanejo da canção de Geraldo Vandré e Theo de Barros. O sertanejo que “aprendeu a ver a morte sem chorar”.

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CORUJA
O cantor era uma presença recorrente dos shows dos filhos
e também cantores Luciana Mello e Jair Oliveira

Fotos: Marcos Vilas Boas/Divulgação; Natasha Goldmann/Folhapress; Folhapress