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Depois do boom de preços dos últimos anos, o mercado imobiliário começou a se ajustar, influenciado pelo menor ritmo de crescimento da economia e pela diminuição na demanda pela casa própria. Tanto as cotações do metro quadrado de imóveis usados como as de lançamentos estão subindo menos do que a inflação.

O índice mensal FipeZap revela que, de janeiro a abril, o preço do metro quadrado do imóvel pronto, a maioria usado, caiu 0,5% em média, descontada inflação do período projetada em 2,99%, segundo a inflação oficial (IPCA). Em 14 das 16 cidades pesquisadas os preços não acompanharam a inflação. A maior queda de preço, entre janeiro e abril, ocorreu em Porto Alegre (-4,5%), seguida por Brasília (-3,1%) e Curitiba (-2,6%). Só escaparam Rio e Fortaleza, mesmo assim com pequenos aumentos reais, de 1% e 1,1%, respectivamente.
 
"Não se trata de um movimento brusco de correção. É um ajuste que vem sendo observado nos últimos meses", diz coordenador do Índice FipeZap de Preços dos Imóveis, Eduardo Zylberstajn.
 
Pelo quinto mês seguido, por exemplo, a variação de preço do metro quadrado é decrescente. Além disso, Zylberstajn destaca que não para de subir o número de cidades que registram variações de preços do metro quadrado de imóveis prontos abaixo da inflação do mês. Em janeiro, das 16 cidades pesquisadas, 6 estavam nessa condição. Em fevereiro, esse número subiu para 9, em março para 12 e em abril chegou a 15. No mês passado, só em Fortaleza o preço do metro quadrado superou a inflação. A alta foi de 1,38%, em comparação a uma inflação projetada em 0,8% para o mês.
 
Movimento semelhante também começou a ser observado nos preços dos imóveis lançados na Região Metropolitana de São Paulo. "Já constatamos queda nominal de preços do metro quadrado dos imóveis lançados em algumas regiões", afirma Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp, consultoria especializada em avaliação de imóveis. No primeiro trimestre deste ano, o preço do metro quadrado dos lançamentos no bairro do paulistano do Tatuapé caiu 4%, por exemplo.
 
Para Eduardo Zaidan, vice-presidente de economia do Sinduscon, sindicato que reúne as construtoras, o ajuste nos preços indica que a demanda reprimida por imóveis foi satisfeita e o crescimento do mercado daqui para a frente será mais orgânico, isto é, dependente do crescimento da população e de fatores estruturais.
 
Freio
 
Atentas para essas mudanças, as construtoras já pisaram no freio dos lançamentos. Pesquisa feita pela Embraesp na Região Metropolitana de São Paulo mostra que no primeiro trimestre deste ano foram feitos 49 lançamentos, ou 3.908 unidades. Em igual período do ano passado, tinham sido 116 lançamentos ou 5.321 unidades. Na análise de Pompéia, esse freio de arrumação que ocorre no setor se deve à produção muito grande de imóveis que houve em anos anteriores e ao menor ritmo atual de crescimento da economia.
 
Além do enfraquecimento da demanda, Pompéia destaca que a atitude de investidores – pessoas que compraram no passado imóveis na planta com intenção de revendê-los – contribuiu para derrubar os preços. "Eles perceberam que a liquidez é menor e que o mercado está mais devagar, por isso reduziram muito os preços dos imóveis."
 
Este movimento de preços dos imóveis é confirmado pela diretora da imobiliária Lello, Roseli Hernandes. "Hoje tem mais pessoas querendo vender do que comprar, e os clientes vão ter boas oportunidades de negócio." No entanto, ela não acredita que ocorra uma queda nos preços. "Está havendo uma acomodação de preços e o mercado está mais pé no chão." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.