Joseph Goebbels queria entrar para a história como um dos mais importantes aliados de Adolf Hitler. Ministro da Propaganda e um dos mais irascíveis articuladores do extermínio em massa dos inimigos do Reich, foi, segundo a nova e mais alentada biografia a seu respeito, um dos funcionários mais desprestigiados e atrapalhados da alta cúpula hitlerista, tendo errado mais do que acertado nos projetos de divulgação do nazismo. Com a manipulação dos resultados dessas operações, se tornou modelo de articulação das massas nas décadas que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial.

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BRAÇO DIREITO
Goebbels é mostrado como narcisista e megalômano

Segundo Peter Longerich, professor de história alemã moderna na Royal Holloway University de Londres e autor do livro, o maior legado publicitário do principal (e praticamente único) cronista da ascensão e queda do Partido Nazista foi um auto-retrato de competência e reconhecimento profissional que não existiu. A principal fonte de consulta de “Joseph Goebbels – Uma Biografia” (Objetiva) foram os 32 volumes que compõem o diário do ministro. As histórias contidas nessas anotações são pela primeira vez cotejadas com documentos da época, como jornais e relatórios de opositores.

A conclusão é de que o funcionário sofria de megalomania, e que sua necessidade de aprovação o levou a se tornar um dos mais devotados puxa-sacos de Adolf Hitler, a quem considerava um enviado de Deus.

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Apesar de toda a sua dedicação ao ditador, Longerich mostra que a vida do Gauletier (líder da Gau, subdivisão territorial da Alemanha Nazista) se arrastava entre erros e humilhações. Hitler abusava de sua devoção abertamente. Procrastinou a sua nomeação para a direção-geral de Propaganda, em 1929, e quebrou as promessas dos plenos poderes a seu ministério. Magda Goebbels, sua mulher, se tornou amiga pessoal e hóspede recorrente de Hitler, com quem passava semanas sozinha.  

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Foi no chamado esforço de guerra total, nos últimos meses do conflito e com a dissolução da estrutura hitlerista, que Goebbels se fortaleceu. Vendo a queda de seu ídolo máximo, se sentiu mais útil e importante. A nota sobre o assassinato dos filhos e o suicídio do casal, os últimos do bunker nazista depois da ocupação, foi redigida com a aura de heroísmo de quem talvez até acreditasse que entraria para a história como herói.

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Foto: Age Fotostock/ Keystone Brasil 


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