Os preços das passagens aéreas e dos pacotes de viagem praticados em períodos de alta temporada no País, como o mês de julho, normalmente são os mais altos. A expectativa, neste ano, era de que, com a Copa do Mundo no Brasil, esses valores subissem ainda mais. Ocorreu o inverso: o torneio diminuiu a demanda e jogou para baixo os preços de pacotes turísticos no Brasil e no Exterior no meio do ano. Para as férias de julho os valores estão, em média, 20% menores em comparação com o mesmo período do ano passado. Quem souber pesquisar, consegue encontrar descontos ainda maiores. Em julho do ano passado, um pacote de seis noites em Paris, com hospedagem, traslado e passeio, custava € 1 mil por pessoa. Hoje o mesmo destino pode ser encontrado por € 638 – um abatimento de mais de 30%.

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OPORTUNIDADE
Enquanto os amigos Rubens Pecoraro e Gabriela Hazin aproveitaram os
descontos para realizar o sonho de viajar para Machu Picchu,
o advogado Alexandre Ventura valeu-se dos preços baixos para
passar as férias de julho do filho Guilherme na Europa

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Um dos motivos para os descontos é que o mercado aguardava cerca de 600 mil turistas no País durante a Copa, mas até agora esperam-se apenas 150 mil. E, como o consumidor não pagou os altos preços que estavam sendo praticados até o início deste ano, agora hotéis e companhias aéreas estão fazendo promoções para não correrem o risco de ficar com quartos e assentos vazios. A Match, por exemplo, única agência autorizada pela Fifa a vender ingressos, devolveu 55% dos quartos de hotéis que tinha reservado em Porto Alegre, cidade que recebe cinco jogos da Copa. Já as companhias aéreas contabilizaram cerca de nove milhões de assentos livres a menos de 50 dias do Mundial. Apenas 18,9% das passagens de voos domésticos para as cidades-sede da Copa foram vendidas.

Segundo Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), o fato de as operadoras de turismo não conseguirem autorização para vender ingressos “prejudicou muito a venda de pacotes para estrangeiros”. Outro fator que inibiu a compra de passagens, de acordo com Aldo Leone Filho, presidente da agência de turismo Agaxtur, foi que os preços das passagens aéreas demoraram muito para cair, devido ao que chamou de “bloqueio” feito nos trechos para o Exterior. “Só agora as companhias internacionais perceberam que os voos estavam todos vazios”, lamentou. Agora, uma viagem da Delta Airlines para Orlando, por exemplo, que estava em torno de US$ 2.800, caiu para US$ 890. Com a redução, Aldo espera que os resultados para junho e julho deste ano superem os de 2013.
Para quem está querendo viajar no período da Copa trata-se de uma inesperada, mas excelente notícia. É o caso de Rubens Pecoraro Junior, que aproveitou as promoções para realizar com a amiga Gabriela Hazin a tão sonhada viagem para Machu Picchu. “Ficamos monitorando os preços e, de repente, surgiu no meio da Copa uma oportunidade bem mais barata”, comemora. Pela passagem de São Paulo para Lima, eles pagaram R$ 840. Os preços pesquisados antes ficavam em torno de R$ 1,6 mil.

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Além dos baixos valores, mais um motivo faz com que os brasileiros busquem outros destinos que não os das cidades-sede da Copa: a tranquilidade. “Quero fugir da bagunça que vai acontecer durante os jogos”, diz o advogado Alexandre Ventura. Ele vai aproveitar as férias do filho Guilherme, de 11 anos, para ir à Europa em julho. No mesmo período do ano passado, Ventura também realizou uma viagem para a Europa, mas as passagens custaram 20% mais.

Com a volta da procura, o resultado financeiro esperado pelas agências de viagens para junho e julho de 2014 está próximo ao do ano passado. Isso significa que os baixos preços podem não durar muito tempo, e as pessoas que querem pagar menos para viajar durante a Copa, devem se apressar. 

Fotos: Thiago Bernardes/Frame; João Castellano/Ag. Istoé