Pesquisadores espanhóis anunciaram na semana passada o desenvolvimento de uma terapia genética capaz de reverter, em cobaias, a perda de memória relacionada à doença de Alzheimer. Conduzido por cientistas da Universidade Autônoma de Barcelona, o trabalho foi publicado na última edição do “Journal of Neuroscience”, editado pela Sociedade Americana de Neurociência.

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A nova terapia foi criada a partir da descoberta do papel de uma proteína chamada Crtc1. Ela está envolvida na ação de genes responsáveis pela consolidação das memórias, processo que ocorre no hipocampo (estrutura cerebral). Porém, verificou-se que o Alzheimer prejudica o funcionamento da substância, o que acaba impedindo que os genes corretos atuem e, portanto, que as informações sejam de fato armazenadas.

A solução encontrada pelos cientistas foi injetar dentro do hipocampo o gene que determina a produção da Crtc1, em uma tentativa de restaurar suas concentrações dentro do cérebro. A estratégia deu certo. Os animais – criados para apresentar sintomas do estágio inicial da enfermidade – recuperaram sua capacidade de aprender e relembrar o que haviam aprendido, habilidade progressivamente prejudicada pelo Alzheimer. O efeito perdurou por quatro semanas após a injeção.

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O resultado deixou os pesquisadores entusiasmados. “Estou otimista. Espero que nosso trabalho ajude a desenvolver uma terapia genética ou um tratamento farmacológico que possa ser usado contra a doença”, afirmou à ISTOÉ o cientista Carlos Saura, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da universidade espanhola e coordenador do experimento. Nas próximas etapas da pesquisa, Saura e seu time pretendem, entre outras questões, avaliar os efeitos da terapia a longo prazo (de seis meses a um ano) e pavimentar o caminho para a criação de compostos capazes de ativar a fabricação da proteína Crtc1.