Moda no Brasil e no Exterior, o cigarro eletrônico tem atraído adeptos com a promessa de ajudar fumantes a largarem o vício. No dispositivo, que lembra o modelo tradicional, uma bateria esquenta um líquido que pode ou não conter nicotina, produzindo o vapor que será tragado pelo usuário. A fama de aliado, porém, pode estar com os dias contados. Um estudo divulgado recentemente na publicação médica “Jama Pediatrics” concluiu que o uso do aparelho pode atrapalhar na recuperação dos dependentes da nicotina. Segundo a pesquisa, que acompanhou 949 pessoas durante um ano, 10,2% dos fumantes de e-cigs, como também são conhecidos, conseguiram deixar o vício. Entre os que não usam o dispositivo, o índice foi maior: 13,8%. Na quinta-feira 24, a agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos (FDA) deu outro golpe nessa indústria ao propor ampliar aos cigarros eletrônicos as regras existentes para outros produtos de tabaco – como proibição da venda para menores de idade e obrigatoriedade de aviso sobre danos à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) planeja tomar medida parecida. Isso significa que os signatários de uma convenção para o controle do fumo deverão aumentar impostos e restringir propagandas dos e-cigs. A maioria das nações, incluindo o Brasil, assinou o documento.

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ESTRATÉGIA
Juliana Ali adotou os e-cigs há seis meses, pois acha
que eles são menos nocivos que os tradicionais

No País a comercialização é proibida. Isso faz com que muitos entusiastas, como a blogueira Juliana Ali, 32 anos, busquem a engenhoca no Exterior. Seus preferidos custam US$ 20. Há seis meses, Juliana adotou o dispositivo para largar o cigarro tradicional. “É óbvio que o eletrônico também faz mal, mas muito menos que o normal”, diz.  Especialista em dependência de drogas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ana Cecília Marques afirma que o fato de o produto se parecer muito com o cigarro comum pode fazer com que dependentes não consigam largar rotinas associadas ao vício. “O tratamento adequado é psicológico, biológico e social”, diz. De acordo com Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento de Tabagismo do Instituto do Coração (Incor), com a onda de regulamentações ficará mais fácil promover um uso mais seguro em casos especiais. “Se o cigarro eletrônico possui menos substâncias químicas que o tradicional, fumá-lo poderia ser uma vantagem para um paciente fazendo quimioterapia que se recusa a parar de fumar, por exemplo.”

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Foto: João Castellano/Ag. Istoé

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