Os telespectadores portugueses amam as novelas genuinamente brasileiras. Com a mesma determinação, não gostam quando elas são adaptações de clássicos da literatura de seu país – ciúme mais que saudável, uma vez que Portugal é um dos berços universais do que há de melhor no campo das letras. A novela Paixões proibidas, que estréia na Rede Bandeirantes na terça-feira 14, no horário das dez horas da noite, é baseada nos romances Amor de perdição, Mistérios de Lisboa e O livro negro do padre Dinis, todos do escritor português Camilo Castelo Branco. Vai estrear em Portugal, a partir de janeiro do ano que vem, e começa a passar já agora no Brasil. E se aqui o sucesso é garantido devido ao elenco, à direção e à própria origem camiliana do texto, dessa vez o sucesso também está assegurado lá. Motivo: não se trata de uma novela somente brasileira, mas, isso sim, de um folhetim que tem a co-produção da emissora estatal Rede de Televisão Portuguesa. Há uma parceria em tudo, a novela é dos dois países. “É feita no Brasil, mas com um olhar português, com atores portugueses e brasileiros, com cenas gravadas em Lisboa, em Coimbra e, sobretudo, no Rio de Janeiro”, diz o ator português Virgílio Castelo.

Além de interpretar o personagem padre Dinis, um dos protagonistas de Paixões proibidas, Castelo é o consultor do diretor Ignácio Coqueiro. “Dei opiniões no figurino, nos cenários e na edição da novela”, diz ele. “Conseguiremos cumprir o desafio de agradar ao público de ambos os países.” A presença de Castelo e de outros oito atores portugueses no elenco, ao lado de 32 brasileiros, reforça o intercâmbio. Um dos brasileiros do cast é Felipe Camargo: “Há 20 anos não recebo um papel tão bom.” Ele interpreta o personagem Alberto de Miranda, um homem rico com um passado marcado por diversas atitudes contraditórias. “Não é bonzinho, mas não chega a ser um vilão. Faz qualquer negócio para sobreviver, dentro de seu limite ético”, diz Felipe Camargo, que já passou pela Bandeirantes na novela A idade da loba, exibida em 1996. “É genial a idéia dessa co-produção e é bom saber que estamos fazendo um trabalho para um público internacional”, diz ele. O seu personagem encabeça um dos três principais núcleos da novela; os demais giram em torno do romance proibido de Simão (Miguel Thiré) e Teresa (Ana Sophia Folch) e do passado misterioso do padre Dinis. O autor Aimar Labaki conta que a idéia inicial era adaptar somente o romance Amor de perdição, mas acabou incluindo outros dois livros de Castelo Branco para dar mais sustentação à história.

As cenas em Lisboa e Coimbra já foram gravadas e agora a produção está baseada na cidade cenográfica construída em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. “Essa região concentra cenários ótimos, coisa que em São Paulo exigiria que a equipe se deslocasse o tempo todo”, diz Marcelo Parada, vice-presidente da Rede Bandeirantes. A ambição da emissora é superar os quatro pontos de Ibope que a novela Mandacaru tem conseguido no horário da 22 horas. Do texto aos cenários e da direção ao elenco, Paixões proibidas tem tudo para conquistar brasileiros e portugueses. Tem também a beleza e a sensualidade das atrizes Vanessa Pascale, Maria Carolina Ribeiro e Julianne Trevisol.