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Quando o Museu Guggenheim de Bilbao foi inaugurado, em 1997, a cidade do norte da Espanha que lhe serviu de berço viu aumentar o fluxo de turistas de forma estrondosa. Nos primeiros três anos, estima-se que o espaço tenha gerado 500 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão) em atividade econômica na região. Concebido pelo arquiteto canadense Frank Gehry e avaliado em US$ 150 milhões (R$ 357,9 milhões), o edifício virou ícone da nova Bilbao, que abandonava a imagem de pólo industrial para virar Q um centro turístico. Deu tão certo que localidades de todo mundo tentaram reproduzir o "Efeito Bilbao" – sem muito sucesso. O encanto parece só funcionar na cidade basca, que potencializou sua vocação com a inauguração do prédio do Departamento de Saúde do País Basco, neste mês.

A descrição técnica do projeto, do escritório Coll-Barreu Arquitectos, de Madri, não empolga: 9,2 mil metros quadrados divididos em 13 andares, que custaram US$ 18,5 milhões (R$ 44 milhões) para serem erguidos. Mas basta olhar para a construção para entender o fascínio que ela exerce sobre as pessoas. O espetáculo começa na fachada. Ela é envidraçada e angulada o suficiente para refletir o céu, os edifícios vizinhos e a rua. "Usamos vidros duplos para resolver quatro problemas: isolamento térmico e acústico, segurança contra incêndios e sustentabilidade energética", disse à ISTOÉ Juan Coll-Barreu, responsável pela obra. Funciona tão bem que o prédio nem tem ar-condicionado central.

Sua forma inusitada já foi comparada a uma lata de alumínio amassada e a um cristal lapidado. "O projeto foi concebido dentro das limitações impostas pela legislação", explica Coll-Barreu. Ainda assim o edifício difere tanto das construções vizinhas que mais parece uma nave que aterrissou no terreno. Enquanto ela não decola, atrai turistas. E, como a novidade está a dez minutos da estrela da cidade, o Guggenheim, quem visita um acaba caminhando até o outro. "É totalmente plausível que um prédio como esse venha a substituir o Guggenheim", afirma Issao Minami, professor de comunicação visual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Para ele, a arquitetura "nunca é estática" e isso abre espaço para a ascensão de novos marcos. De preferência, belos.


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