A escolha de Carandiru, de Hector Babenco, para abrir a Coleção ISTOÉ – o melhor do cinema brasileiro não poderia ser mais oportuna. Em primeiro lugar porque o filme é excelente – e a prova disso é que foi visto em todo o Brasil por cerca de cinco milhões de pessoas. O segundo motivo é que Carandiru continua atualíssimo, denunciando com incrível realismo uma das mais antigas e complexas questões do País – a precariedade das prisões e das rebeliões recorrentes. Baseado no best seller Estação Carandiru, do oncologista Drauzio Varella (resultado de 13 anos de sua atuação como médico voluntário na Casa de Detenção de São Paulo), o filme cruza o cotidiano dos prisioneiros com os diversos motivos que os levaram à prisão.

A trama culmina com o assassinato de 111 prisioneiros, no dia 2 de outubro de 1992, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar entrou em ação para conter uma rebelião. Entre os personagens de destaque está Majestade (interpretado por Ailton Graça), líder do tráfico que vivia dividido entre o amor da loira Dalva (Maria Luisa Mendonça) e da mulata Rosirene (Aída Lerner). Há também a história do travesti Lady Di (Rodrigo Santoro), que se casa com o enfermeiro da cadeia, Sem Chance (Gero Camilo). Tudo em Carandiru é fato, é verdade e é dor. Verdades e dores traduzidas pela sensibilidade de Hector Babenco e de Drauzio Varella (interpretado por Luiz Carlos Vasconcelos).


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