Todos os dias eu acordo com um sorriso no rosto, aproveitando o momento. Mas estou muito focado.” Essa é a sensação de estar no topo do mundo, de acordo com o surfista Gabriel Medina, 20 anos, que lidera o ranking do World Championship Tour (WCT), o campeonato mundial do esporte. Na primeira prova do ano, em Gold Coast, na Austrália, o brasileiro saiu vencedor e largou na frente da disputa pelo título. No sábado 12, ele caiu nas quartas de final na também australiana cidade de Margaret River, mas o revés não foi suficiente para tirá-lo da posição, à frente de lendas da modalidade, como o americano Kelly Slater, 11 vezes campeão do circuito. Medina faz parte de uma geração do País que está fazendo bonito no surfe e foi apelidada pelos especialistas estrangeiros de Brazilian Storm, a Tempestade Brasileira. Além dele, outros seis representantes do País estão entre os 30 melhores do mundo.

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TOPO
Acima, Gabriel Medina, 20 anos, líder do WCT.
Abaixo, Jessé Mendes, 21, uma estrela em ascensão

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“Essa geração surfa pra caramba, eles são completos”, diz o competidor veterano Tinguinha Lima, 50 anos. Formado em esporte pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), o pesquisador da modalidade Pedro Souza destaca a importância do talento, mas diz que aportes financeiros maiores de patrocinadores permitiram que fosse criada uma estrutura profissional por trás dos surfistas brasileiros. “Hoje eles possuem acomodações adequadas, alimentação saudável e treinadores que cobram uma rotina de atleta. Isso culminou num desempenho de alto nível”, afirma.

Os representantes da “Tempestade Brasileira” reconhecem que a abertura proporcionada pelos antecessores, como Tinguinha, permitiu que eles começassem a surfar e viajar muito cedo. Com isso, evoluíram juntos nas competições e aprenderam a encarar ondas estranhas aos primeiros brasileiros que se aventurarem no esporte. “Antigamente o surfe era visto como coisa de vagabundo. Hoje nós construímos uma vida com ele”, diz Jessé Mendes, 21 anos, o maior rival de Medina nas competições juvenis. Ele participa das qualificatórias para a elite dos mares, e especialistas o colocam como uma estrela em ascensão do País.

O novo líder do ranking mundial chegou ao WCT em 2011, e já acumulou R$ 2 milhões só em premiações de campeonatos internacionais. Com patrocínios, soma à conta mais que o dobro do valor. “É possível ser campeão ainda este ano. Comecei bem, tem tudo para dar certo”, afirma Medina. Segundo Souza, da UEL, essa geração já está criando um legado e o impacto só deve aumentar com um campeão mundial. “Os jovens se espelham nos que estão lá em cima e veem que para serem competitivos precisam ser atletas, não só ficarem malandreando na praia”, afirma. 

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