CBHb afasta árbitros acusados de comentários preconceituosos e assédio

Fernando Rezende/Ser Unimed Sorocaba/PM Sorocaba
Foto: Fernando Rezende/Ser Unimed Sorocaba/PM Sorocaba

Após o conhecimento de áudios com teor preconceituoso e de assédio, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) decidiu afastar dois árbitros que atuavam no Campeonato Brasileiro Júnior de handebol feminino na última semana em Sorocaba, no interior paulista (leia a nota na íntegra no final do texto).

Na ocasião, os comentários contra um técnico e jogadoras em quadra foram ouvidos durante a partida entre Fundesport/ Araraquara e Centro Olímpico, no último dia 14 de setembro.

Além de um canal do Youtube que realizada a transmissão, um perfil de Instagram que transmitia a partida registraram os comentários sobre algumas jogadoras como: “Essa está gostosinha, que delícia”, “elas eram magrinhas, mas engordaram na pandemia”. Já as falas direcionadas ao técnico do Araraquara, Robinson Santos, ofendem também a aparência do profissional: “Seboso, cara de bêbado, mal vestido. Parecia uma moça jogando”

“As atletas estavam estudando e usando vídeos de um canal de handebol e acabaram ouvindo comentários que não condizem com o que prega a educação básica. Ouviram palavras que me ofendiam e elas diretamente. Se sentiram constrangidas, ficaram desequilibradas emocionalmente e me contaram. Prontamente repassei à Confederação Brasileira de Handebol e eles tomaram uma atitude prontamente”, disse Robison Santos, técnico do Araraquara, ao GE.

Os nomes dos árbitros afastado não foram divulgados, mas o caso será investigado pelo Comitê de Política para as Mulheres do Handebol e relatado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

“Chegou até a gente o fato em que Araraquara, através de um jogo que estava sendo transmitido na internet, soube de algumas falas que incomodaram. A equipe reportou o assunto pra gente e eu, junto com o delagado Rogério Aparecido, avaliamos e pegamos o vídeo na íntegra da partida. Através dessa análise, nós vimos algumas atitudes que não condiziam com as pessoas que estavam aqui trabalhando e resolvemos afastar os dois da competição e passamos o problema para a Condeferação, que vai fazer o julgamento. São comentários que para muitos podem ser simples, mas que para meninas de 15 a 19 anos incomodam, dizer sobre a forma fisica delas e sobre a aparecência física do técnico, que incomodou e mudou a vida dele. São atitudes que temos que tomar na hora para não deixar crescer no esporte. Não é so no handebol que acontece isso, tivemos que tomar uma atitude rápida e drástica”, relatou Lucila Vianna, representante da CBHb no Brasileiro de handebol.

Leia a nota do Fundesport/Araraquara:

Nossa equipe não tolera nenhum tipo de preconceito, violência moral, crime contra honra e atitudes machistas, ainda mais quando são cometidos dentro de quadra.

Nossa história sempre foi de luta e sempre buscamos a igualdade dentro do esporte, e infelizmente fomos alvos de comentários que vão contra os nossos princípios.

Informamos que não iremos ignorar esta situação e já estamos tomando todas as medidas cabíveis para que seja feita a justiça diante do ocorrido.

Leia a nota da CBHb:

A Confederação Brasileira de Handebol comunica que tomou conhecimento dos fatos envolvendo dois árbitros da CBHb durante a realização do Campeonato Brasileiro Júnior Feminino, na cidade de Sorocaba, nesta semana. De forma preventiva, foram adotadas as seguintes providências.

– Afastou os envolvidos em definitivo da competição;
– Cautelarmente, afastou também do quadro de árbitros da CBHb;
– Determinou que a diretora do Comitê de Política para as Mulheres do Handebol, Lucila Vianna, destaque um representante do Comitê para acompanhar de perto todo o caso e emita um relatório final com análise de todo o processo e iniciativas que devem ser tomadas para evitar a repetição dos fatos.

Além disso, a Confederação comunicará o caso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por meio da Procuradoria de Justiça Desportiva, para que ocorra a apuração e, se necessário, o julgamento do caso de forma justa, segundo o que rege o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, sem prejuízos de outras possíveis providências judiciais que a entidade julgue cabíveis no decorrer da apuração dos fatos.

A Confederação repudia qualquer ato de preconceito e/ou desrespeito, seja dentro ou fora de quadra. Não podemos concordar ou aceitar comportamentos que não condizem com o handebol brasileiro. Como desportistas, precisamos dar exemplo e contribuir para uma sociedade cada vez mais igual e justa.

A CBHb se coloca à disposição de todos que estão participando do Campeonato Brasileiro Júnior Feminino para contribuir com o que for necessário.