No dia 27 de abril de 2012, Graça Foster, indicada diretamente por Dilma Rousseff para o comando da Petrobras, demitiu Paulo Roberto Costa, até então o todo-poderoso diretor da área de refino na companhia. Ao falar com os jornalistas, Costa, que havia sido um dos mais influentes executivos da estatal, disse não ter compreendido os motivos da demissão. Agora, dois anos depois, eles estão expostos
ao distinto público, em detalhes, na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. 

De acordo com as investigações, Costa representava a quintessência daquilo que tanto Dilma quanto Graça mais detestam no setor público: a infiltração de interesses políticos em áreas que devem ser estritamente técnicas. Nesse balaio, estão lá os mesmos personagens de sempre: os doadores de campanha, que são as empreiteiras e fornecedores de equipamentos às estatais, os operadores políticos e financeiros – no caso, Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef – e os beneficiários no Congresso, que fazem parte de uma miríade de partidos.

A grande novidade – e que deveria estar sendo saudada com fogos de artifício pelos investidores da Petrobras, que hoje só pensam em aumento dos combustíveis, bem mais do que em Pasadena  – é que um edifício desse porte esteja sendo detonado publicamente. A Operação Lava-Jato pode cortar de vez os laços entre a política e a maior empresa brasileira e nada fará tão bem à companhia, no longo prazo, quanto uma blindagem real e efetiva a novos personagens como Paulo Roberto Costa. Ele, como se sabe, era apoiado por um consórcio de partidos. Julgando-se acima do bem e do mal, criou uma espécie de Petrobras dentro da Petrobras. Financiou deputados, foi cortejado em Brasília e, claro, ao longo do caminho construiu seu próprio pé-de-meia. Jamais poderia imaginar sua queda e um fim tão melancólico.

A grande questão é: o que acontecerá depois disso tudo? Será que, desta vez, haverá realmente um efeito pedagógico no Brasil? Antes de se tornar diretor, pelas mãos do finado ex-deputado José Janene, do PP, Costa havia construído uma carreira de sucesso em mais de 30 anos na estatal. Poderia terminar bem sua trajetória, mas preferiu servir ao mundo político. Conheceu a glória, mas ela agora cobra seu preço.

Nada, no entanto, é tão surpreendente quanto a imprudência de empreiteiros, políticos e do próprio doleiro Alberto Youssef. Alvo principal do caso Banestado, Youssef já havia sido preso pela Polícia Federal no fim da década de 90. Só saiu depois de uma delação premiada. É espantoso que as peças que formam a engrenagem da corrupção no Brasil tenham recorrido aos préstimos do mesmo personagem, sem imaginar que ele estaria sendo monitorado pelas autoridades que, tão recentemente, o colocaram atrás das grades. Será que, no Brasil, ninguém aprende?