As três prioridades de Dilma até outubro

O Planalto calcula que a reeleição depende do governo ultrapassar três obstáculos até a corrida às urnas. As grandes prioridades não incluem nem a CPI da Petrobras nem as ramificações perigosas do doleiro Alberto Youssef com o mundo político. A preocupação envolve assuntos que atingem o eleitor, diretamente. O maior de todos os riscos é a inflação: uma alta nos preços desvaloriza os salários e gera mau humor. O segundo é a seca: com o sistema de chuvas longe da normalidade, as principais vítimas envolvem eleitores de regiões que apoiam o PT desde as eleições de 2002. O terceiro é a Copa. Convencido de que o eleitor sabe separar a bola da urna, a preocupação do governo é vencer o jogo difícil da infraestrutura.  

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Turismo incidental

Não durou um mês a nomeação de Sérgio Braune Pontes como secretário-executivo do Ministério da Cultura. Dilma acaba de exonerá-lo. Ex-número dois do Turismo, Pontes perdeu a função depois de polêmica viagem a Taiwan. Agora será abrigado em função executiva no Tribunal Superior Eleitoral com o ministro Dias Toffoli.

O jogo de Lula

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Num país onde os grandes clubes de futebol pedem ajuda para resolver um passivo com o governo da ordem de R$ 4 bilhões – a conta inclui Previdência, FGTS, Imposto de Renda e outros débitos –, Lula decidiu que só entra em campo quando a partida estiver perto do final. O ex-presidente defende a tese de que será melhor permitir que os clubes paguem ao menos uma parte de sua dívida em vez de registrar perda total. No governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mantém-se irredutível, mas Lula acha que só deve se mexer depois que o debate estiver mais desenvolvido.

O mundo ideal

Se depender da vontade do governo, não haverá nenhuma CPI sobre a Petrobras, nem exclusiva, como quer a oposição, nem ampliada para o propinoduto tucano, como defendem PT e PMDB. A visão é de que ruído dessa natureza nunca faz bem a quem se encontra no governo durante uma campanha eleitoral. Por essa razão, a bancada do Planalto fará o possível para impedir a CPI ou, se não houver jeito, atrasar sua instalação ao máximo.

Segredo

Neri Geller substituiu gestores financeiros dos principais programas da pasta em seu primeiro mês à frente do Ministério da Agricultura. Apesar de Geller também ser do PMDB, partido do ex-ministro Antonio Andrade, o clima no ministério é de reformismo. Queridinho
da Frente Parlamentar Agropecuária, o novo ministro pretende entregar ainda este ano mudança no sistema de registro de pesticidas genéricos, um pleito antigo do setor.

O mundo real

A bancada do PT prepara-se para o pior. Na semana passada, dois emissários de São Paulo se reuniram por quatro horas com assessores do Congresso e dos ministérios para uma sabatina detalhada sobre o metrô de São Paulo.

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Chame a irmã Ângela

Funcionária de firma terceirizada para serviço de limpeza, Ângela Marques se tornou uma espécie de celebridade no Senado. A evangélica recebe pedidos frequentes dos mais variados gabinetes para fazer previsões e orações para senadores. Irmã Ângela, como é conhecida, chegou a ser convocada no Palácio do Planalto, quando a senadora Gleisi Hoffmann estava à frente da Casa Civil, para fazer orações por uma boa gestão na pasta. Além de Gleisi, irmã Ângela ora pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e foi chamada por assessores do falecido senador João Ribeiro quando ele estava em uma UTI, em São Paulo. O deputado alagoano João Caldas (SDD) também atravessa o Salão Azul atrás das orações de irmã Ângela. Às sextas-feiras, ela lota a sala que durante a semana abriga a Comissão de Meio Ambiente em um culto que reúne de chefes de gabinete a funcionários da limpeza.

Toma lá dá cá


Senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), um dos articuladores do movimento que implodiu a indicação do senador Gim Argello (PTB-DF) ao Tribunal de Contas da União (TCU).

ISTOÉ – O perfil político dos ministros do TCU compromete o trabalho das auditorias?

Rollemberg – O problema não é o perfil político. O fundamental é ter idoneidade e reputação ilibada. O candidato também precisa ter conhecimento financeiro e de administração pública.

ISTOÉ – A rejeição de Gim Argello pode criar constrangimento entre o parlamentar e os colegas?

Rollemberg – A rejeição foi um recado político claro para a presidenta Dilma e o presidente Renan Calheiros: as coisas têm limite.

ISTOÉ – O governo reclama que a ação do TCU acaba atrasando obras…

Rollemberg – As paralisações só ocorrem em casos de irregularidades muito sérias e que comprometem os recursos públicos, e não em casos de mera formalidade.

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Retrato falado

Enquanto PT e PSDB travam batalha em torno da criação de uma CPI no Congresso, os partidos caminham de mãos dadas nas eleições para o governo de Mato Grosso do Sul. No Estado, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) será o candidato com o apoio tucano. O inimigo histórico do PT na região é o PMDB, explica o senador Waldemir Moka (PMDB-MS), aliado do governador André Puccinelli.

“Não adianta explicar para o eleitor de Mato Grosso do Sul que o PMDB apoia a Dilma Rousseff. Há uma rivalidade histórica entre PT e PMDB e aqui os petistas são aliados dos tucanos. Vai ser um palanque estranho para os presidenciáveis.”

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Rápidas

Na terça-feira 29, a Polícia Federal inaugura uma sede em Macapá, destinada a fazer o trabalho na região de fronteira do Norte do País. Com 200 cômodos numa área imensa, localizado em ponto estratégico da Amazônia, o imóvel custou R$ 29 milhões.

Na semana passada havia sido reduzido o espírito denuncista de três senadores da oposição em relação a Petrobras. A mensagem é uma oferta de bandeira branca.

Chama o Jucá

O novo ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, iniciou sua gestão com a máxima: muitas vezes a fórmula do sucesso está no óbvio. Berzoni diagnosticou que a atuação de sua antecessora, Ideli Salvatti, começou a fazer água com a saída do senador Romero Jucá (PMDB-RR) da liderança do governo. Na semana passada, Jucá já fora acionado por Berzoini para atuar nos bastidores. Berzoini já começou o mandato pontuando no Planalto.

Pinta de artista

Um retrato de Renan Calheiros ilustrava o último capítulo da minissérie “A Teia”, da Rede Globo. No contexto do drama, o político, que não é identificado nominalmente, aparece como vinculado ao crime organizado. Através de sua assessoria, Renan informou que não tomou conhecimento do seriado.

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Eu avisei

ONGs ambientais estão reunindo documentos para apresentar denúncia no Ministério Público Federal contra empreiteiras contratadas no âmbito do Minha Casa Minha Vida que construíram
em área de proteção ambiental. No Espírito Santo, Bahia e Tocantins existem conjuntos habitacionais acusados de derramamento de córregos e afundamento de terrenos que não poderiam receber empreendimentos habitacionais. As empresas constríram em áreas de proteção amparadas por trecho da Lei 11.977, de 2009, que autoriza regularização em benefício do programa do governo federal.


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