Uma pílula que custa quase US$ 1 mil por dia é a mais nova e potente arma para curar a hepatite C. O sofosbuvir (nome comercial Sovaldi), da americana Gilead Sciences, eleva as chances de cura da doença, reduz o tempo de tratamento e poupa os pacientes dos intensos efeitos colaterais produzidos pela combinação de remédios atual para tratar a enfermidade, como cansaço e dores articulares. “As taxas de cura com o uso do sofosbuvir sobem de 60% para cerca de 98%”, garante o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcellos, em São Paulo.

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VITÓRIA
Ewerton é um dos primeiros brasileiros a ganhar
na Justiça o direito ao remédio

Outra vantagem é que a droga pode dispensar o uso do interferon no início do tratamento, o que beneficia especialmente os pacientes que não toleram essa  medicação (cerca de 10%). Por fim, diminui de um ano para três meses o tempo de tratamento. “Os estudos mostram que o sofosbuvir é eficiente contra os cinco subtipos do vírus. É uma revolução no tratamento”, diz o infectologista.  Outro remédio que age de maneira semelhante – ambos neutralizam uma proteína fundamental para a replicação do vírus –, o simeprevir, está disponível nos EUA desde o final do ano passado.

Mas há um problema sério com esses super-remédios: o preço. O custo do uso do sofosbuvir por três meses (tempo do tratamento) é de US$ 84 mil (cerca de R$ 184 mil). O feito com o simeprevir, de US$ 66 mil (R$ 144 mil). A associação de ambos, recomendada em pesquisas para casos resistentes, custa US$ 150 mil (R$ 328 mil). Há protestos para pressionar os fabricantes a baixarem o preço. Na última semana, a Organização Mundial da Saúde lançou um apelo nesse sentido e diretrizes de uso dos remédios. “Espero que as orientações promovam uma redução no preço”, disse Stefan Wiktor, que lidera o programa de hepatite da entidade. A OMS sugere opções como descontos diferenciados, o licenciamento voluntário dos remédios pelo fabricante para a indústria de genéricos e até mesmo o licenciamento compulsório (o governo rompe a patente).

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No Brasil, multiplicam-se as ações judiciais para a obtenção do remédio. “Isso é necessário porque o custo torna a terapia inacessível para a maioria dos infectados”, diz o advogado Julius Conforti, de São Paulo, especializado em saúde.  O consultor Ewerton de Castro Filho, 33 anos, de Brasília, é um dos primeiros vitoriosos. “Teria de tomar remédio no hospital e sofreria com os efeitos colaterais. Com a droga, farei a terapia em casa e continuarei trabalhando.

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Foto: Adriano Machado/Ag.Istoé


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