A ameaça do Senado de investigar denúncias de corrupção na Petrobras deve naufragar por conta da disputa eleitoral. Na semana passada, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou o texto apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR), propondo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar também as denúncias de cartel no Metrô de São Paulo e possíveis irregularidades nas obras do Porto de Suape e da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. O caso do cartel envolve o PSDB de São Paulo e pode ser usado contra a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência, enquanto irregularidades em Suape podem desgastar o pré-candidato Eduardo Campos (PSB), governador licenciado de Pernambuco. A manobra orquestrada pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e costurada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que se transformou na mais ferrenha e estridente defensora do governo na Casa, foi minuciosamente executada por Romero Jucá, com o objetivo claro de tirar a Petrobras do foco das investigações e livrar o governo do desgaste de ver a maior empresa brasileira submetida a uma devassa. Na manhã da terça-feira 8, líderes da oposição entraram com um mandado de segurança no STF para tentar impedir que a CPI da Petrobras investigasse assuntos não relacionados à estatal. A ação é movida pelo PSDB, pelo DEM e pelo PSB. “Mais do que defender a CPI, estamos aqui para defender o Parlamento brasileiro”, disse o senador Aécio Neves, pré-candidato tucano ao Planalto.

abre.jpg
CONTRASTE NA CCJ
Na segunda-feira 7, enquanto a senadora petista Gleisi Hoffmann
comemorava manobra para ampliar escopo da CPI da Petrobras,
a oposição lamentava a derrota política

O pedido inicial da CPI feito pela oposição tinha o objetivo de apurar a compra da refinaria em Pasadena, no Texas (EUA), e possíveis prejuízos, os indícios de superfaturamento na construção de refinarias, as suspeitas de pagamento de suborno a funcionários da estatal e denúncias de que plataformas operariam sem componentes de segurança. A aprovação da proposta de Jucá, entretanto, fez o Planalto respirar aliviado. O único consenso, entre governistas e oposicionistas, é que se uma CPI for aprovada nesta semana, nos termos votados pela CCJ, não haverá chances de investigação efetiva sobre nenhum dos temas. No máximo, haverá uma guerra de acusações entre partidos, sem ganhadores. Desta vez, o cheiro de pizza veio antecipado.

CPI-023-IE.jpg
RESTOU APELAR AO STF
Acompanhado de líderes oposicionistas, o senador
tucano Aécio Neves se dirigiu ao Supremo Tribunal Federal
para que a CPI fique circunscrita à Petrobras