Um hábito secular difundido nos países árabes tem enfumaçado a atmosfera noturna dos principais centros brasileiros. Jovens e baladeiros de plantão estão se rendendo a um grande cachimbo conhecido como arguile ou narguilé – ou hookha na Índia, seu país de origem. Ele é constituído por quatro partes: topo, em que o carvão queima um fumo aromatizado; bocal, pelo qual o usuário inspira a fumaça; cano central; e corpo, que armazena água para formar vapor, intensificando a combustão.

Para seus apreciadores, o arguile, o termo mais correto, é um divertido meio de combater o stress. E também um ótimo fomentador de amizades e, às vezes, de relacionamentos amorosos. O casal Sérgio Daoud e Catherine Arenas se conheceu em torno da fumaça saída do agizlik, o bocal do arguile. Os namorados estavam entre os 300 freqüentadores da Noite Árabe que acontece uma vez por semana no Athílio Music, bar de São Paulo. “Como é fumado em grupo, o arguile agrega as pessoas”, diz a moça.

“Arguileros” inveterados, os amigos Alexandre Mils e Cristina Guerra só freqüentam locais que aceitam as baforadas. “Para onde vou carrego meu arguile. Já saí de baladas que não permitiram que eu e meus amigos fumássemos”, conta Alexandre. De fato, para os usuários, bom mesmo é ser dono de um cachimbo, em vez de alugá-lo nas casas noturnas, como acontece em diversos lugares. Vendidas em estabelecimentos de produtos árabes, as peças vão de R$ 170, as de metal, até R$ 600, as cunhadas em cobre ou prata.

Mas especialistas em tabagismo alertam que excesso de arguile é prejudicial à saúde. Como o cigarro, o fumo aromatizado contém nicotina e alcatrão, substâncias nocivas. Outro problema é quando a água é substituída por vodca, o que alguns jovens estão fazendo para turbinar o arguile. Não há quantidade suficiente para dar “barato” ao fumante. Porém, a mistura deixa a fumaça mais forte e amarga. O que não combina com os prazeres das mil e uma noites.