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STJ, BRASÍLIA
A digitalização dos processos torna a Justiça mais rápida

Embora ainda esteja sujeita a falhas, a Justiça brasileira já não tarda tanto quanto antes. Desde o início da digitalização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em janeiro de 2009, um processo que podia levar até oito meses para chegar à sede do órgão, em Brasília, agora leva apenas dez dias, em média. O projeto “STJ na Era Virtual”, idealizado pelo presidente do tribunal, Cesar Asfor Rocha, está tornando mais eficiente a tramitação dos processos que chegam à corte. Quando o sistema estiver totalmente implementado, o STJ será o primeiro tribunal de caráter nacional do mundo a funcionar de forma totalmente digital. Para se ter uma ideia do avanço, hoje, se fossem empilhados todos os 300 mil processos anuais provenientes dos tribunais dos Estados e dos cinco tribunais federais regionais, o amontoado de papéis teria 13 mil metros de altura – muito maior do que o Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, com 8.848 metros. Só com os Correios, que levam e trazem os processos em papel entre os Estados e Brasília, o tribunal gastava R$ 20 milhões por ano. Em junho começaram as remessas por meio eletrônico e, em novembro, 23% dos processos já estavam digitalizados.

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MAR DE CELULARES
O público troca o isqueiro por telefones em show de Cindy Lauper, em São Paulo

Atualmente, todos os cinco tribunais federais regionais e 24 dos 27 tribunais de Justiça dos Estados estão interligados via internet com o STJ. Faltam justamente os que apresentam o maior número de processos: São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que estão começando a se adequar à nova realidade. O custo de todo o projeto é estimado em R$ 137 milhões. A revolução que acontece no STJ é apenas mais um passo na grande caminhada que o Brasil ainda tem pela frente em todos os ramos da tecnologia, mas certamente é um importante avanço nesta área. Vale lembrar que, no início dos anos 90, um celular era um símbolo de ostentação e podia custar exorbitantes US$ 5 mil. Hoje, tanto o empresário como a diarista fazem parte da massa de 169 milhões de usuários de telefonia móvel no Brasil. Essas linhas, que em 1992 eram privilégio de pouquíssimos endinheirados, hoje estão presentes em praticamente todos os municípios brasileiros. Muito, porém, ainda tem de ser feito. “O Brasil está numa encruzilhada interessante, pois tem de decidir o que vai ser daqui para a frente”, diz Silvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar). Segundo ele, o País tem hoje um déficit de US$ 15 bilhões no comércio de produtos eletrônicos sofisticados. De 2006 a 2008, esse déficit quadruplicou. “Precisamos nos tornar competitivos na fabricação desse tipo de produto. Não temos de produzir de tudo um pouco, como alguns ainda dizem, mas sim aquilo que podemos fazer melhor.” O que vai definir nosso futuro, segundo o cientista, é a inovação. É isso que o Cesar planta, desde que foi fundado em 1996, na cultura das empresas que contratam seus serviços.

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Fruto do empreendedorismo de sete professores da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), o centro já tem, além da sede no Recife, unidades em São Paulo, Curitiba e Brasília. Há cerca de quatro anos, foi criado o braço educacional do centro, o Cesar. edu. Maior centro de pós-graduação em informática do Brasil, a instituição aguarda mais de 250 alunos de mestrado e 50 de doutorado em 2010. “Recife é um polo capaz de atrair cérebros”, define Meira. O quadro desta nação digital também apresenta cores fortes no consumo de produtos eletrônicos. Não faz muito tempo, comprar um videogame de última geração, por exemplo, era sinônimo de cumplicidade com o contrabando. Era impossível adquirir um se não fosse por meios ilegais.

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DIVERSÃO
Comprar um videogame, antes, era ser cúmplice de contrabando

 

Hoje, basta entrar num hipermercado para encontrar um Nintendo Wii, um dos mais badalados consoles do mercado, com parcelamento a perder de vista. Outra marca protagonista no mundo tech, a Apple, fabricante do iPod e do iPhone, inaugurou em outubro deste ano a versão brasileira da sua loja virtual, a Apple Store, com preços em real. Dos tribunais até a diversão, a tecnologia deixou de ser privilégio dos estrangeiros para se tornar parte do cotidiano do brasileiro.


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