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POTÊNCIA
O objetivo é formar atletas de alto nível como Cesar Cielo

Depois de uma rara temporada em que tanto os atletas quanto os cartolas brasileiros conseguiram vitórias importantes, o Brasil entra em 2010 no rumo certo para se tornar uma potência esportiva. O nadador Cesar Cielo está em sua melhor forma – bateu os recordes mundiais dos 50 e 100 metros livres –, as seleções de vôlei mantêm a eficiência, o basquete voltará a disputar o Mundial e a seleção de futebol se classificou com facilidade para a Copa da África do Sul, para a qual é uma das favoritas. As maiores conquistas, no entanto, têm acontecido fora dos locais de competição, onde o trabalho de base finalmente passou a ser prioridade. “Estamos construindo centros de preparação de alto nível em vários Estados”, diz Roberto Gesta, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo. O principal motivo dessa mudança radical é a realização da Olimpíada no Rio de Janeiro em 2016. “Cada presidente de federação ou confederação tem que apresentar um plano de metas do que vão fazer até os Jogos Olímpicos”, determinou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Temos que chegar lá na ponta dos cascos.” Além do maior evento esportivo do planeta, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo de 2014. Essa agenda faz com que políticos e dirigentes comecem a tirar do papel projetos voltados para a formação de uma geração campeã. É a oportunidade de ouro de fazer com que o esporte brasileiro finalmente corresponda à importância que o País adquiriu no cenário internacional. As providências são inúmeras. Para garantir que daqui em diante a preparação esportiva seja levada a sério, o governo pretende criar uma nova estatal, o Instituto Brasileiro de Excelência Esportiva. A ideia é a entidade entrar em funcionamento já em 2010. “Não dá para esperar por 2011, temos que fazer isso agora”, diz o ministro do Esporte, Orlando Silva.

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BRASIL NA COPA
O País é um dos favoritos para o Mundial de 2010 e sediará a competição em 2014

O governo criará também uma agência responsável pelo combate ao doping, para evitar escândalos como o que aconteceu com o atletismo, modalidade na qual cinco atletas não competiram no Mundial por ingestão de substâncias proibidas. Além disso, dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) se reuniram com representantes das confederações para discutir formas de elevar a competitividade dos atletas nacionais. Ainda no primeiro trimestre será implantado o Centro de Desenvolvimento de Talentos no Parque Aquático Maria Lenk e no Velódromo da Barra, no Rio. “É um projeto direcionado a adolescentes de 12 a 17 anos, que reunirá 11 modalidades olímpicas e cinco paraolímpicas”, explica Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB. Preparar com cuidado os atletas mirins é o principal recurso de que os grandes gigantes esportivos mundiais lançam mão para brilhar nos pódios mais tarde. “Para pensar em resultados, o trabalho não pode ser feito em um semestre, tem que ser a longo prazo mesmo”, diz o nadador Cesar Cielo. “É bacana investir na molecada agora”. Essa receita é repetida por quase todos os atletas. “O esporte pode ser a única esperança para muitas crianças brasileiras, é preciso dar condições. Acho que isso agora vai acontecer e muitos atletas vão surgir”, diz a velejadora Isabel Swan, que conquistou para o Brasil uma inédita medalha de bronze em Pequim. O meio fundista Joaquim Cruz, ouro olímpico em Los Angeles, em 1984, atua hoje como treinador nos Estados Unidos e está otimista quanto ao futuro dos atletas brasileiros. “O mundo inteiro está de olho no Brasil. Esse é o melhor momento para fazermos o que tem que ser feito”, diz ele. Esse é o objetivo do COB. Para melhorar o desempenho dos competidores, lançará mão de vários recursos, inclusive o tecnológico: estão em processo de compra os aparelhos para o Laboratório Olímpico, criado para desenvolver a ciência esportiva no País. Com esse objetivo, o Ministério da Ciência e Tecnologia liberou um financiamento de R$ 12 milhões e o Ministério do Esporte vai desembolsar mais R$ 11,4 milhões pela Lei de Incentivos Fiscais. “Nossa responsabilidade é muito grande. Temos uma oportunidade única de mudança para o esporte e para a juventude brasileira”, diz Nuzman. Com tantas iniciativas em curso, é possível acreditar que o Brasil terá condições de escalar o quadro de medalhas olímpicas para chegar daqui a alguns anos entre os primeiros.

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