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Os brasileiros acostumados com as vitórias firmes, constantes, e os oito títulos de Emerson Fittipaldi (1972/74), Nelson Piquet (1981/83/87) e Ayrton Senna (1988/90/91) ficaram de queixo caído quando a Ferrari obrigou Rubens Barrichello a ceder a vitória no GP da Áustria de 2002, a pouco metros da linha de chegada, para Michael Schumacher. Por isso, quando a mesma Ferrari deu uma ordem semelhante a Felipe Massa no GP da Alemanha de 2010, a favor de Fernando Alonso, a reação não foi de espanto, mas de desânimo. A frase “Fernando está mais rápido do que você” virou motivo de chacota contra o piloto brasileiro nas redes sociais digitais. Daí que a reação do mesmo Felipe Massa ao descumprir uma ordem da Williams no GP da Malásia, em detrimento de seu companheiro Valtteri Bottas, que estava mais rápido, provocou uma espécie de julgamento do piloto brasileiro na internet.

Para alguns, Felipe Massa deveria ter agido assim quando estava na Ferrari, pois aquele episódio o sacramentou como segundo piloto da escuderia. Para outros, Felipe finalmente soube se impor e deixou claro à Williams que não aceitará ficar em segundo plano. 

Mas Felipe Massa merece esse julgamento? Muitos defensores do piloto brasileiro argumentam que ele não teve apoio dos brasileiros para chegar lá e, por isso, só deve satisfação à sua própria consciência. Mas não é bem assim. Os fãs brasileiros também depositaram uma grande expectativa em Felipe Massa quando ele chegou à Ferrari justamente para substituir a Rubens Barrichello. Massa ganhou muita fama e principalmente muito dinheiro com sua popularidade no Brasil. Mas é inegável que desde o episódio de seu grave acidente no GP da Hungria de 2009 o piloto não é o mesmo. E ele perdeu muitos fãs quando aceitou a submissão na Ferrari, a exemplo do outro brasileiro.

Se a estratégia de Massa foi correta ou não só saberemos ao longo do campeonato. Em 1981, o argentino Carlos Reutemann desrespeitou uma ordem dos boxes para favorecer o australiano Alan Jones e passou o resto da temporada sendo boicotado pela equipe. Na decisão do Mundial, em Las Vegas, a Williams assistiu passivamente à vitória de Piquet, da Brabham, sobre Reutemann, seu piloto. Na própria Williams, Nelson teve de lutar contra tudo e contra todos para ganhar o título de 1987, pois a equipe preferia Nigel Mansell.

Felipe Massa agiu bem dessa vez. Mas depois não adianta reclamar que a equipe o ignora. Na Fórmula 1 isso é mais comum do que deveria ser.