Até pouco tempo atrás, spa era sinônimo de dietas restritas, daquelas feitas de duas folhas de alface, uma colher de cenoura ralada e, máximo de felicidade, um pedaço de frango grelhado. Hoje não são mais. Esses espaços estão se transformando em centros de saúde, fitness e, principalmente, de promoção de bem-estar. Não que a busca de uma silhueta mais alongada ou do corpo sarado tenha desaparecido desses locais, mas agora o conceito de beleza está diretamente relacionado ao equilíbrio físico e mental.

Isso significa que quem vai para um spa hoje pensando em perder em poucos dias aqueles quilinhos a mais, certamente deve alcançar o objetivo. E um pouco mais. Se depender dos esforços dos profissionais dos novos spas, antes de pensar naquela barriguinha de tanquinho, o cliente vai aprender a lidar com a ansiedade, o stress e a tensão, distúrbios associados a um grande número de doenças, inclusive à obesidade. “Em muitas pessoas, o ganho de peso está relacionado com a ansiedade. Quando isso é levado em consideração e melhor trabalhado, os benefícios são maiores”, afirma Isabela Fortes, coordenadora do Espaço Nirvana, no Rio de Janeiro. O centro é um exemplo do modelo contemporâneo de spas. Oferece alimentação saudável, é claro, mas também apresenta um leque de atividades que vão de aulas de ioga e meditação à um relaxante escalda-pés.

Na verdade, essa proposta de tratamento segue uma tendência mundial e representa um amadurecimento do conceito de beleza. “É uma evolução. Aquela história de ficar bonito a qualquer preço está ultrapassada”, diz Isabela. De fato, o que os próprios responsáveis pelos spas observam é que, atualmente, as pessoas querem antes de tudo alívio para suas tensões e angústias oriundas da vida agitada, do excesso de trabalho e também da insistente necessidade de se manter impecável o tempo todo. “Uma boa massagem ou alguns minutos de relaxamento atenuam essas sensações. E as conseqüências são refletidas no corpo e no rosto”, afirma Isabela.

Não é à toa que esse conceito tem conquistado cada vez mais adeptos. Só no
ano passado mais de 200 mil pessoas visitaram esses espaços. “Eles querem ficar bem consigo mesmos para aproveitar melhor a vida,” afirma Ala Szerman, presidente da Associação Brasileira de Clínicas e Spas. E os estabelecimentos
para responder a essa demanda tratam de caprichar. As opções vão de massagens a banhos terapêuticos, terapias com pedras quentes e com argila, além de espaços muito bem pensados para a realização das refeições. Em geral, são locais agradáveis, com belas decorações e atendimento simpático. Longe daqueles ambientes que mais se pareciam com hospitais e funcionários atentos e rigorosos na fiscalização da quantidade de comida de cada hóspede. Aliás, a alimentação também é um item de preocupação, mas de maneira diferente de anos atrás. Hoje, não conta apenas a quantidade de calorias consumidas, mas a qualidade. Em muitos spas, são oferecidos e consumidos alimentos orgânicos, em geral cultivados nos próprios locais.

Outro diferencial dos spas da era do bem-estar é deixar para trás o rigor dos antigos centros onde há data e hora marcadas para todas as atividades. E eles também não apresentam o agito das academias. Nos novos spas, a programação visa a melhora da qualidade de vida, mas sem obsessão. “As pessoas ficam à vontade para escolher o que desejam fazer. Mas sugerimos reeducação alimentar, nutricional e atividade física. Tudo isso em um espaço agradável que mais parece a extensão da nossa casa” diz o fisiologista Roberto Nogueira, do Unique Garden, em São Paulo.

Seja para passar uma tarde, um dia ou final de semana, o que se pretende nesses espaços é estimular a adoção de hábitos saudáveis, um investimento sinônimo de saúde preventiva. Mas com pequenos mimos que à primeira vista podem até parecer exageros. No final, porém, transformam-se em deliciosos passaportes para uma saúde melhor.