“Estou realmente começando a achar boa a ideia de antecipar a convenção do PMDB”, disse o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), líder da bancada do partido na Câmara, numa rede social. Foi o bastante para movimentar o noticiário político numa semana de vacas magras. Tratados como aliados de segunda classe pelo PT, os peemedebistas estariam, finalmente, prontos para desembarcar do governo Dilma
e aderir a projetos alternativos, como os de Aécio Neves e Eduardo Campos?

Talvez sim, talvez não, mas não é isso que fará diferença em 2014.
O apoio mais importante de que Dilma precisa para vencer a disputa presidencial foi reforçado num encontro na última quarta-feira, no Palácio da Alvorada, que produziu aquela imagem que, como diz o clichê, vale por mil palavras.

Na cena, captada por Ricardo Stuckert, Dilma e Lula estão leves, sorridentes, de mãos dadas e representam uma unidade, o mesmo projeto político. Ali, num retrato verdadeiro, e não ensaiado, não há espaço para intrigas, boatos, rumores e especulações sobre um eventual “Volta, Lula”. O que a imagem grita, mesmo sem palavras, é uma mensagem bastante clara e cristalina: Dilma é a candidata e Lula
a apoia com entusiasmo.

A foto vale tanto para o consumo interno como externo. No PT, contém o fogo amigo daqueles que, sem o mesmo espaço no governo Dilma, sonham com a volta de Lula. Para fora, transmite força e coesão no coração do poder. Será que Eduardo Cunha realmente pretende brigar com a titular da caneta e o presidente mais popular da história do País? Ou melhor: será que, mesmo brigando, terá o apoio de seus pares na Câmara e no Senado?

Por mais impacientes que estejam alguns aliados, seria prematuro, para qualquer governo, definir espaços às vésperas de uma eleição presidencial. Em primeiro lugar, porque não há garantia de vitória. Em segundo, porque, mesmo que houvesse, ninguém sabe qual será o tamanho dos aliados em janeiro de 2015, após as eleições da Câmara, do Senado e dos governos estaduais.

Será que o PMDB poderá continuar falando grosso? E será que não haverá outros partidos, como o PSD, de Gilberto Kassab, dispostos a contribuir para a estabilidade de modo menos estridente?