Os presidenciáveis Aécio Neves e Eduardo Campos estão mais sintonizados do que nunca. No discurso, nas bandeiras de campanha, na estratégia que visa um movimento conjunto das forças oposicionistas contra a candidata oficial Dilma Rousseff. Eles não descartam, e até já planejam, na eventualidade de um segundo turno, o apoio mútuo, com o mais bem votado herdando o aval e o suporte de votos do outro. Aécio e Campos estão falando sistematicamente disso. Não param de marcar encontros para demonstrar a proximidade de intenções. Partem do princípio de que ambos possuem um único alvo adversário: a própria Dilma. E que suas candidaturas não tiram voto uma da outra. Há certamente nessa aliança informal uma identidade de ideias e comportamento, tanto no plano político como no pessoal. São ambos candidatos jovens, com trajetórias semelhantes, experiências executivas na gestão dos respectivos governos estaduais e perfis voltados para a arte da negociação – algo que definitivamente, segundo uma avaliação quase unânime, Dilma não tem. Aécio e Campos, nesse estágio prévio das campanhas, querem crer que atuando em dobradinha poderão obter melhores chances, se não a única, de baterem a favoritíssima Dilma. Aécio conta a seu favor com a experiência da estabilização econômica do País, gestada e levada a cabo por seu partido PSDB. Campos, por sua vez, tem no plantel de conquistas um consolidado prestígio no Nordeste, onde se situa a principal força do PT, praça na qual ele conseguiu impingir uma derrota fragorosa de Lula na disputa pela Prefeitura do Recife. Lado a lado, Aécio e Campos almejam pregar “o novo”. Uma renovação que, acreditam, possa ocorrer no plano da administração pública e na forma de se fazer política, com menos conchavos e negociatas de cargos em troca de base de apoio. Existe também do lado do eleitorado um claro impulso por abraçar o novo. E isso vem sendo demonstrado nas sucessivas mobilizações que tomaram as ruas do País. O pedido de mudanças e a busca por renovação entraram na ordem do dia e os políticos da esquadra oposicionista parecem ter captado esses anseios e correm para herdar essa bandeira.