Tinga061115.jpg

O Real Garcilaso deve sofrer uma punição da Conmebol por causa do racismo dos torcedores contra o volante Tinga, na partida em Huancayo que terminou com vitória por 2 a 1 dos donos da casa, pela primeira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores da América. Segundo a atual versão do Regulamento Disciplinar da entidade, o time é passível até de desclassificação.

O documento, no artigo 12, prevê, de cara, uma multa de US$ 3 mil (cerca de R$ 7 mil) ao clube em decorrência das manifestações racistas – a cada toque na bola do volante, imitações de macaco oriundas das arquibancadas eram ouvidos no estádio. Além da punição no bolso, o tribunal disciplinário da Conmebol pode decidir aplicar outras penas, "como jogar um ou mais jogos de portões fechados, a proibição de jogar uma partida em um estádio determinado, concessão da vitória do encontro pelo resultado que se considere, a perda dos pontos e a desclassificação da competição".

A Conmebol, contudo, é conhecida por aplicar sanções brandas a clubes infratores – até os dias de hoje, por exemplo, é comum ver policiais protegerem jogadores adversários com escudos em cobranças de escanteio contra objetos atirados por torcedores. Pelo Twitter do torneio, a entidade pediu calma aos torcedores do Cruzeiro e prometeu apurar os fatos ocorridos em Huancayo.

Após a partida, o dirigente cruzeirense Alexandre Mattos condenou o episódio contra o volante Tinga e, revoltado, fez uma série de acusações contra o time do Garcilaso. O diretor de futebol criticou desde as condições da cidade em que a partida foi disputada até o estádio no qual o jogo foi realizado.

Veja o que diz o regulamento da Conmebol sobre racismo:

Artigo 12 – Discriminação e comportamentos similares

1 – Qualquer pessoa que insulte ou atente contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por qualquer meio, por motivos de cor de pele, raça, etnia, idioma, religão ou origem será suspensa por um mínimo de cinco partidas ou por um período de tempo específico;

2 – Qualquer associação membro ou clube cujos torcedores realizem os comportamentos descritos no parágrafo anterior será sancionado com uma multa de ao menos US$ 3 mil (R$ 7 mil);

3 – Se as circunstâncias particulares do caso requerirem, o órgão disciplinar competente pode impor sanções adicionais à associação membro ou ao clube responsável, como jogar um ou mais jogos de portões fechados, a proibição de jogar uma partida em um estádio determinado, concessão da vitória do encontro pelo resultado que se considere, a perda dos pontos e a desclassificação da competição;

4 – Se proíbe qualquer propaganda de ideologia extremista antes, durante e depois da partida. Aos infratores deste caso, se aplicarão as sanções previstas nos parágrafos de 1 a 3 deste mesmo artigo.

Dilma lamenta ato racista contra jogador Tinga em jogo no Peru

A presidenta Dilma Rousseff lamentou hoje (13) os atos de racismo praticados pela torcida do Real Garcilaso, na cidade de Huancayo, no Peru, durante o jogo de ontem (12), válido pela Copa Libertadores. Sempre que Tinga tocava na bola, a torcida peruana fazia sons imitando macaco.

“Foi lamentável o episódio de racismo contra o jogador Tinga, do Cruzeiro, no jogo de ontem, no Peru". Ao sair do jogo, Tinga disse que trocaria seus títulos por um mundo com igualdade entre as raças. "Por isso, hoje o Brasil inteiro está #FechadoComOTinga", escreveu a presidenta em sua conta no Twitter.

“Acertei com a ONU [Organização das Nações Unidas] e a Fifa [Federação Internacional de Futebol], que a nossa #CopaDasCopas também será a #CopaContraORacismo, porque o esporte não deve ser jamais palco para o preconceito”, concluiu Dilma.

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) informou, também por meio do Twitter, que considera a situação inaceitável e julgará o caso e possíveis sanções.