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Por meio de sua conta no Twitter, a presidente Dilma Rousseff disse que determinou que a Polícia Federal preste apoio às investigações do incidente com um rojão que levou à morte cerebral o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade. Na avaliação da presidente, liberdade de manifestação não pode ser usada para matar.

“Determinei à PF que apoie, no que for necessário, as investigações para a aplicação da punição cabível”, afirmou a presidente por meio do microblog. “A liberdade de manifestação é um princípio fundamental da democracia e jamais pode ser usada para matar, ferir, agredir e ameaçar vidas humanas, nem pode depredar patrimônio público ou privado”, disse em outro momento.

Segundo a presidente, a morte cerebral de Santiago Andrade “revolta e entristece”. “Não é admissível que os protestos democráticos sejam desvirtuados por quem não tem respeito por vidas humanas”, afirmou Dilma.

O vice-presidente Michel Temer também lamentou a morte de Santiago. "Que sua família e amigos encontrem conforto neste momento de dor", escreveu Temer em seu perfil no Twitter.

O cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, atingido na cabeça por um rojão durante a cobertura de um protesto contra o aumento do preço do ônibus no Centro do Rio de Janeiro, teve morte cerebral nesta segunda-feira. A morte encefálica foi informada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) no início da tarde e diagnosticada pela equipe de neurocirurgia do Hospital Municipal Souza Aguiar, onde ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva desde a noite de quinta-feira.

Advogado entrega nome de suspeito

O advogado Jonas Tadeu Nunes disse nesta segunda-feira que passou à polícia no Rio de Janeiro o nome e informações do homem que acendeu o rojão que atingiu o cinegrafista Santiago Ilídio Andrade. Nunes representa o tatuador Fábio Raposo, preso acusado de ser coautor do crime. Andrade teve morte cerebral hoje.

Policiais da 17ª Delegacia de Polícia (São Cristóvão) estão em diligência na tentativa de capturar o suspeito.

Momentos após o advogado ter falado com a imprensa, o delegado Maurício Luciano, titular da 17ª DP, deixou o prédio. "O objetivo da defesa era delação premiada. O Fábio não conseguiu indícios diretos pelo Facebook dele, mas me passou um caminho para que eu chegasse a essa pessoa", explicou Nunes.

"Não é o acusado, é uma pessoa próxima que está ajudando esse homem a se entregar e ter os mesmos benefícios que o Fábio vai usar. O processo de delação premiada está concluído, acredito eu, mas não vou discutir isso aqui, vou discutir em juízo", completou o advogado.

Com a morte confirmada do Santiago, o advogado vai tentar transformar a acusação em "lesão corporal gravíssima seguida de morte". Até agora, a acusação era de tentativa de homicídio. “Não estive com o meu cliente, mas provavelmente está deprimido (com a morte confirmada de Santiago). Ele não saiu acordado com o outro rapaz para acender um rojão e acertar um jornalista ou qualquer pessoa. Eles não tinham o dolo de ferir alguém”, afirmou Nunes. 

O delegado Maurício Luciano, titular da 17ª Delegacia de Polícia e responsável pelas investigações, disse que Fábio já foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e crime de explosão e que a pena pode chegar a 35 anos de reclusão caso o cinegrafista não resistisse aos ferimentos. Santiago Andrade teve afundamento do crânio, perdeu parte da orelha esquerda e foi submetido a uma cirurgia logo após ser levado para o Hospital Souza Aguiar, onde estava em coma induzido até ser constatada sua morte.

O tatuador confessou à polícia ter participado da explosão do rojão que atingiu o cinegrafista da TV Bandeirantes. Ele foi preso na manhã de domingo em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. O cinegrafista cobria uma manifestação na Central do Brasil contra o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,75 para R$ 3, que começou a vigorar no sábado no Rio de Janeiro, e acabou ferido por uma bomba identificada pela polícia como sendo do tipo rojão de vara.