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A Divisão de Homicídios não tem dúvidas de que Daniel Coutinho é responsável pela morte do pai, o cineasta Eduardo Coutinho, ocorrida neste domingo (2), no Rio de Janeiro. De acordo com o delegado e diretor da DH, Rivaldo Barbosa, ele também tentou matar a mãe e a si mesmo.

"O que aconteceu por volta das 11h é a expressão genuína da palavra tragédia. Filho de 42 anos atinge mortalmente seu pai a facadas o matando. Posteriormente a isso, se dirige à mãe e a atinge. Ela correu para um cômodo, provavelmente o banheiro, se trancou e acionou o outro filho pelo telefone", descreveu Coutinho.

Em coletiva de imprensa realizada para dar detalhes do caso, o delegado ainda disse que Daniel, ensanguentado, bateu nas portas dos vizinhos e falou palavras desconexas: "libertei meu pai e tentei libertar minha mãe e eu. Tentando, me furei duas vezes e nada acontece". Depois, ele aguardou a chegada dos bombeiros no apartamento onde morava com os pais e abriu a porta voluntariamente.

"No banheiro, a mãe ligou para o outro filho e relatou que o Daniel tinha matado o pai e estava tentando matá-la. Não temos dúvidas de que o Daniel é autor da morte do pai e da tentativa de homicídio da mãe. Não havia sinais de briga no apartamento. Ouvimos quatro pessoas que relatam a dinâmica fora de casa e ninguém, até o porteiro, viu alguma pessoa estranha no apartamento. Uma das testemunhas relata que houve gritos no local. Testemunhas também relataram surtos psicóticos", afirmou Barbosa.

Ainda segundo o delegado, "a perícia será concluída para saber exatamente a dinâmica do apartamento. Ao que parece, Daniel teve um surto psicótico. Ele está preso no hospital pelos crimes em flagrante de homicídio doloso e tentativa de homicídio doloso". Um psicólogo da DH vai ouvi-lo e acompanhar o caso.

Duas facas grandes manchadas de sangue foram encontradas no quarto de empregada e apreendidas.

O corpo de Eduardo Coutinho foi liberado do IML pelo filho Pedro de Oliveira Coutinho, promotor de Justiça do Ministério Público do Rio em Petrópolis, e será velado a partir das 11h desta segunda-feira (3), na capela 3 do Cemitério São João Baptista, em Botafogo. Segundo informações da funerária, a morte foi causada por perfuração contundente por objeto perfurocortante na altura do abdômen. O laudo da autópsia deve sair em 30 dias.

Entenda o caso

O cineasta Eduardo Coutinho, 81 anos, considerado um dos principais documentaristas do Brasil, foi assassinado a facadas neste domingo, dentro de casa, no bairro da Lagoa, zona sul do Rio Janeiro. A mulher do documentarista, Maria das Dores de Oliveira Coutinho, 62 anos, também foi ferida e encaminhada em estado grave para o hospital Miguel Couto. O filho do documentarista, Daniel Coutinho, 41 anos, que tem esquizofrenia, era o principal suspeito do crime.

De acordo com a secretaria municipal de Saúde, Maria foi esfaqueada duas vezes na região da mama, três no addômen e sofreu também lesões no fígado. Ela foi operada e seu estado de saúde é grave.

 
O filho do cineasta também foi encaminhado ao hospital Miguel Couto, com dois ferimentos provocados por faca na região abdominal. Ele foi operado e seu estado de saúde é considerado estável. 

Coutinho era considerado um dos maiores documentaristas do Brasil. Entre outros filmes, ele é autor de Cabra Marcado para Morrer, Babilônia 2000, Jogo de Cena e Edifício Master. Entre as diversas premiações internacionais e nacionais que recebeu, o documentarista é vencedor do Kikito de Cristal, tido como a mais importante premiação do cinema nacional, pelo conjunto de sua obra.