Lula acelera em março

CONF-01-IE.jpg

 A divisão de trabalho entre Lula e Dilma reserva papéis distintos na campanha presidencial. Dilma é a presidenta que vai disputar a reeleição e irá comportar-se nessa condição. Caberá a Lula desempenhar o papel que sempre fez: comprar a disputa política. Pelo menos uma vez por semana ele estará nos jornais, na tevê e também na internet para debater questões do momento. Foi assim que garantiu a reeleição num ambiente que parecia desfavorável, em 2006, e também emplacou Dilma, aquela que era um poste, em 2010. Considerando que tudo no Brasil só começa depois do Carnaval, o novo figurino de Lula deve estrear em março.

Sem saia justa

CONF-05-IE.jpg

 Lula deve encerrar suas viagens internacionais nos próximos dois meses – uma visita à África será obrigatória – para priorizar deslocamentos pelo Brasil. O ex-presidente deve permanecer boa parte da campanha em São Paulo, onde a votação de Alexandre Padilha é a prioridade 2, logo após a votação de Dilma. Para evitar uma saia justa com um antigo aliado, Lula só irá a Pernambuco depois que Eduardo Campos tiver deixado o cargo de governador.

Certificação recorde
O novo Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) do Incra certificou em 70 dias 5,9 milhões de hectares. O número representa 25% de todas as operações feitas em 2013, quando a certificação era realizada por meio de formulários físicos. Os Estados com mais áreas certificadas são Mato Grosso, Goiás, São Paulo e Tocantins. Já em hectares os cam­peões de certificação são Pará, Tocantins e Mato Grosso. A Agropecuária Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas, também foi certificada.

Charge

Charge_2306_Passageiro.jpg

Apego ao cargo
O PT faz campanha para colocar Ricardo Berzoini no Ministério das Comunicações na reforma ministerial, mas o titular do posto, Paulo Bernardo, não quer deixar o cargo. O ministro até aceita se afastar para participar da coordenação da campanha de Dilma Rousseff, além de ajudar na de sua mulher, Gleisi Hoffmann, que vai ­disputar o governo do Paraná. Mas quer uma licença de 120 dias com interino no lugar – e só.

Convenção para internet
Se a maioria dos candidatos concorda que a internet terá um papel essencial na campanha de 2014, também cresce a convicção de que seria bom tomar providências para se proteger de golpes baixos. Um veterano de muitas batalhas eleitorais fala numa Convenção de Genebra, aquela que pune crimes de guerra.

Suspeitos de toga
O Conselho Nacional de Justiça descobriu um novo esquema de troca de favores entre políticos e desembargadores. A artimanha consiste em dar emprego para familiares dos magistrados nas Assembleias Legislativas em troca de uma mãozinha na avaliação de processos de interesse do Estado. O alvo prioritário da investigação do CNJ é o Ceará.

Confusão na Câmara
Apareceu uma pedra no caminho dos deputados que pretendiam entrar na farra de verbas do orçamento impositivo. É que – em boa hora – o Planalto definiu regras relativamente rígidas para liberar o dinheiro. Pela decisão, só haverá verba para quem exibir um projeto estruturado de investimentos, com prazo até 10 de fevereiro, isto é, dentro de uma semana. Como se sabe que só a minoria das minorias fez a lição de casa, outros ameaçam rebelar-se contra o presidente da Casa, Henrique Alves, num movimento que, conforme raposas veteranas da Câmara, pode até prejudicar seu projeto de nova eleição, em 2015.

E São Luís?
Com apoio do Ministério do Turismo, o aeroporto de Barreirinhas, cidade de entrada para os paradisíacos Lençóis Maranhenses, começa a funcionar nos próximos meses. Será possível, então, resolver uma dúvida: os voos diretos para Lençóis vão afastar ­turistas que passavam uns dias entre edifícios históricos da capital, São Luís?  

Toma lá dá cá

CONF-02-IE.jpg

 Senador Magno Malta (PR-ES), relator da lei antiterrorismo na Comissão de Relações Exteriores.
ISTOÉ – O Brasil precisa de uma lei antiterrorismo?
Malta –
O meu relatório considera que a lei está prejudicada, mas acionei a consultoria do Senado para avaliar se essa novidade, as manifestações sociais, está contemplada na Lei Geral da Copa.

ISTOÉ – A Lei Geral da Copa pode ser aperfeiçoada?
Malta –
Quando ela foi elaborada, a gente tinha traficante incendiando ônibus. Vamos estudar o que fazer. Naquele tempo ninguém sabia dos black blocs.

ISTOÉ – Punições mais duras podem proteger a realização dos jogos de manifestações depreciativas para o País?
Malta –
Tem gente indigna, que quer desmoralizar o País. É preciso endurecer. Quando vê um cachorro em casa,  todo mundo pensa duas vezes antes de invadir o quintal.

Rápidas
* Ex-ministro do Meio Ambiente em Brasília, secretário de Meio Ambiente no Rio de Janeiro, Carlos Minc (PT) pode virar carvão no fogo cruzado da guerra fluminense entre Lindberg Farias e Sérgio Cabral.

* Ao decidir cobrar imposto sindical dos servidores do Congresso, o Sindilegis ameaça comprar uma briga pesada com sua base. A cobrança deve ser iniciada em março.

* Por um lapso, escreveu-se aqui que Liliane Roriz foi filmada recebendo dinheiro de campanha em saco de supermercado. A coluna lamenta o erro.

Retrato falado

CONF-03-IE.jpg

 “Todos os aeroportos estarão prontos. Todos. Sem uma única exceção”

A proximidade da Copa do Mundo transformou o ministro Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil, num político de um assunto só. Não por sua culpa, mas pela invariável ­pergunta a políticos, altos funcionários e até ministros que encontra nos elevadores oficiais, em gabinetes e restaurantes de Brasília. Todos querem saber se os aeroportos brasileiros estarão prontos até a abertura dos jogos.

Janot no mensalão mineiro

CONF-04-IE.jpg

 O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, faz silêncio sobre suas alegações finais, mas deve pedir penas severas para Clésio Andrade e Eduardo Azeredo, os dois réus do mensalão mineiro que serão julgados no STF. A partir dos antecedentes da Ação Penal 470, o princípio é que o pau que bate em Chico também bate em Francisco.

Divergência absoluta
Com a demissão da ex-mulher de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), subiu para três o conjunto de demissões de familiares de parlamentares do senador no governo de Ricardo Coutinho (PSB-PB). Com as dispensas, não se vê um jeito de tucanos e socialistas ocuparem o mesmo palanque em 2014.  Perdeu, MinasA bancada de Minas Gerais recebeu um sinal ruim sobre a reforma ministerial. O governo considera que não vale a pena garantir uma vaga aos parlamentares do Estado – que hoje tem a Agricultura, com Antonio Andrade –, porque é difícil encontrar quem não tenha um compadrio exagerado com o PSDB de Aécio Neves.   

Fotos: STUCKERT; Ailton de Freitas/Ag. O Globo; Valter Campanato/Ag. Brasil; Orlando Brito; Cleiton de Andrade