31/01/2014 - 20:50
Desde Albert Einstein e sua icônica língua, nenhum cientista cativou tanto pessoas que não entendem nada de ciência quanto o britânico Stephen Hawking. Ao longo dos últimos 40 anos, o físico, que sofre de uma doença rara que gradualmente foi lhe tirando todos os movimentos, se tornou uma espécie de pop star da astrofísica, aquele ramo da ciência que a larga maioria dos mortais não consegue entender nem mesmo seus conceitos, quiçá suas teorias.
ESTRELA
Nenhum cientista no mundo é tão conhecido quanto Stephen Hawking,
o pai da teoria moderna sobre buracos negros
Com aparições frequentes em talk shows, séries de tevê, desenhos animados e até mesmo participando da gravação de discos de astros da música, Hawking conquistou os corações e mentes sem precisar explicar muito suas complexas teorias sobre os buracos negros que tudo sugam nas profundezas das galáxias.
Agora, no outono de sua vida – ele é o recordista mundial em sobrevivência entre os portadores da esclerose lateral, aos 72 anos –, Hawking decidiu negar tudo que afirmou nas últimas quatro décadas. Em uma artigo baseado em uma palestra que deu via Skype em agosto do ano passado para um instituto de física da Califórnia (EUA), o físico britânico afirmou que os buracos negros, na verdade, não existem. A frase, que faz mais sentido no contexto do documento do que isolada, se alastrou na velocidade de fótons.
No texto, Hawking revê algumas de suas teorias sobre o horizonte de eventos, uma espécie de campo de influência dos buracos negros. O artigo ainda não foi revisado e há quem acredite que o físico o escreveu mais por provocação do que como um artigo profundo. “O impacto foi muito maior na mídia do que na comunidade científica”, diz o professor André Landulfo, da Universidade Federal do ABC. “Estão fazendo tempestade em copo d’água”, concorda George Matsas, do Instituto de Física Teórica da Unesp.
Para simples mortais, é difícil saber o que é garoa, chuva ou tempestade em se tratando de astrofísica. A única certeza desse episódio é que Stephen Hawking continua tão influente quanto no tempo em que a existência dos buracos negros era uma certeza absoluta.
