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Trabalhando em duas linhas de investigação sobre o imbróglio envolvendo a escalação irregular de Héverton pela Portuguesa e a consequente punição pelo STJD, o promotor Roberto Senise disse, em entrevista exclusiva ao Terra, que a falta de comunicação entre a diretoria do clube e o técnico Guto Ferreira está sendo avaliada pelo Ministério Público de São Paulo.

Segundo o promotor, três departamentos da Portuguesa tinham conhecimento do julgamento da sexta-feira anterior à última rodada do Brasileiro. Héverton foi punido. Mas sem saber sequer do risco de uma eventual suspensão, o técnico Guto Ferreira escalou o jogador no segundo tempo da partida. A irregularidade custou quatro pontos à Portuguesa e a queda à Série B.

“Guto não tinha conhecimento do julgamento A informação não chegou. A pergunta é: por que não chegou? O fato de ela não ser passada é preocupante. A presidência, o departamento jurídico e de futebol sabiam do julgamento. Pelo menos um deles deveria ter avisado que haveria risco. Por que o técnico não foi informado? É muito estranho”, afirmou Roberto Senise.

A Portuguesa alega que, apesar de saber do julgamento, não foi informada pelo advogado que representava o clube no STJD, Osvaldo Sestário, da punição. Sestário garante que comunicou a Lusa, e o clube investiga se existe um “traidor”, que teria guardado a informação por algum motivo ainda desconhecido.

Dentro deste conflito de versões, o Ministério Público investiga se houve uma “vantagem indevida” neste processo. “Fica essa bola dividida entre o Valdir Rocha (antigo vice-presidente jurídico do clube) e o Sestario. Estamos avaliando os problemas de comunicação que fizeram com que houvesse a escalação do Héverton”, disse Senise, que não se alongou sobre outros possíveis clubes envolvidos. "Estamos atentos a todas as possibilidades divulgadas e algumas delas têm lógica".

O promotor afirmou que a investigação deve demorar a ser concluída e citou abril como um possível prazo para o desfecho. Senise vai notificar dirigentes e advogados envolvidos no imbróglio para depoimento nos próximos dias, mas vai pedir quebra de sigilos com cautela: “faremos de forma pontual, não há algo atabalhoado”.

CBF se explica nesta quarta

A outra linha de investigação conduzida por Roberto Senise envolve o desacordo da punição aplicada pelo STJD a Flamengo e Portuguesa em relação ao Estatuto do Torcedor. Correndo de forma independente da averiguação do que aconteceu dentro da Portuguesa, a análise terá um importante capítulo nesta quarta-feira, quando o Ministério Público aguarda um representante da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para esclarecimentos.

“O problema do campeonato não tem nada a ver (com a investigação sobre a Portuguesa). É em relação ao estatuto do torcedor”, explicou Senise, que disse esperar um compromisso da CBF para resolução do caso.

“Não sei o que a CBF planeja fazer. O correto é que temos 20 clubes (no Brasileiro) e o certo é que eles sejam aqueles que ganharam em campo. Quanto àqueles pontos que foram perdidos sem o uso do artigo 36 do Estatuto do Torcedor, as punições são nulas. Como não houve publicação antes, a sanção é de imunidade. Isso é o adequado” afirmou.