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A presidente Dilma Rousseff participou pela primeira vez nesta sexta-feira do Fórum Econômico Mundial com um discurso em que ressaltou o crescimento da classe média no Brasil e o controle fiscal do governo, em meio a desconfiança do mercado internacional com o desempenho da economia brasileira.

Em Davos, na Suíça, para uma plateia de líderes globais e empresários, Dilma começou criticando os economistas que apontam perda de influência do Brics – grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. "A saída definitiva da crise requer um enfoque que não preveja apenas o curto prazo", afirmou.

O argumento de Dilma passou pelo crescimento do mercado consumidor, principalmente pela ascensão social. Ela citou os 42 milhões de brasileiros que passaram a ser considerados de classe média e um aumento de 78% da renda per capita em dez anos. Para Dilma, estarão nas economias em desenvolvimento as melhores oportunidades para os investidores, pois são as regiões que apresentam grandes demandas por serviços sociais, infraestrutura urbana, energética, de petróleo, óleo, gás e agrícola.

"É apressada a tese segundo a qual as economias emergentes serão menos dinâmicas. Serão dinâmicas porque lá estão grandes oportunidades", disse. Segunda ela, o Brasil passa um grande momento de mobilidade social e integração do mercado interno. A presidente aproveitou a fala para detalhar os setores em que o País irá realizar os maiores investimentos tais como a reforma do sistema portuário, da malha ferroviária, a melhora da qualidade dos serviços públicos, canais de abastecimento de água.

Os recursos vindos do pré-sal foram exaltados no discurso como um bem finito que será transformado em patrimônio perene à nação, a educação. A presidente sublinhou a situação fiscal do Brasil – um dos principais alvos de críticas. De acordo com Dilma, o Brasil deve ter um dos menores endividamentos do mundo em 2014. Para isso, o governo vai atuar com duas estratégias principais, primeiro com controle dos gastos de todos os entes federados, e segundo com o reposicionamento dos bancos públicos para a expansão do crédito.

A inflação e o câmbio também tiveram espaço no discurso. “Nos anos 80, a experiência nos mostrou o poder destrutivo da inflação sob as rendas das famílias e o lucro das empresas.  Por isso, a estabilidade da moeda tem um valor central para o governo”, apontou.

Davos

A presença de Dilma Rousseff é vista como simbólica por economistas e tem como objetivo mostrar que o governo brasileiro dá importância ao investimento externo, além de aproximar o governo do setor privado. De quarta-feira a sábado, a reunião anual conta com cerca de 2.500 participantes, entre eles 40 chefes de Estado e inúmeros diretores de empresas multinacionais. Antes de Dilma, participaram dos debates o vocalista do U2, Bono, o fundador da Microsoft, Bill Gates, o ator americano Matt Damon, além de outros membros da comitiva brasileira, como o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.