Questionamentos éticos e ideológicos como os contidos no texto do ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri, por mais pertinentes que sejam, atualmente andam bem raros nos palcos brasileiros. Já na primeira cena, fica evidente que aquela não será uma história de amor como outra qualquer. No meio da sala, “assistindo” ao namoro de Tião (Eduardo Moscovis) e Maria (Teresa Seiblitz), está uma foto de Karl Marx, como que abençoando a casa carioca de favela. O foco, porém, não se fixa na paixão do casal, que assume o noivado depois que Maria descobre a gravidez precoce. Funcionando como pano de fundo, o romance é desculpa para mostrar os conflitos de consciência de Tião diante da escolha entre seguir os passos do pai, um operário militante político, e tentar um caminho melhor para ele e sua futura mulher. Para contar esse dilema ideológico, Marcus Vinícius Faustini imprimiu uma direção leve e densa na medida certa. A peça se desenvolve num crescendo sutil, até chegar ao belo e emocionante final, com interpretações dignas de prêmios de Sebastião Vasconcelos e Ana Lúcia Torre. (C.M.)
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