Aos 18 anos a austríaca Elisabeth Fritzl desceu ao porão. Na empoeirada escada em caracol de sua casa, ela ia à frente, atrás o psicopata, ela à frente, atrás o engenheiro elétrico, ela à frente, atrás o seu pai, ela à frente, atrás o seu estuprador, ela à frente, último degrau, ambos entraram, ela empurrada, no porão de 70 metros quadrados, sem janelas, porta automática de concreto, sala, quarto, banheiro, cozinha, televisão e rádio. Elisabeth foi drogada e algemada. Ficou. Ele, Josef Fritzl, ao mesmo tempo psicopata e engenheiro, ao mesmo tempo seu pai e seu sistemático estuprador, saiu e levou consigo a senha da pesada porta. Ao longo dos últimos 24 anos, nesse porão meticulosamente construído em sua própria casa (foto) na pacata cidade de Amstetten, a 120 quilômetros de Viena, Elisabeth foi mantida em cárcere privado e violada sexualmente com regularidade e sadismo (os primeiros abusos começaram quando tinha 11 anos). A mulher de Josef acreditou em sua versão de que a filha fugira. A moça no porão gerou sete filhos, sete filhos que são seus irmãos, porque eles têm, como pai, o pai da própria mãe – um desses filhos morreu, e então Josef o incinerou. Todos os partos da vítima foram feitos pelo próprio algoz. Das seis crianças, três foram criadas normalmente na casa por Josef e sua mulher, porque novamente ela acreditou no marido com quem vivia harmoniosamente: a filha foragida abandonara as crianças e pedira num bilhete para a família tomar conta delas. No último final de semana, uma das filhas que viviam no porão (Kerstin, 19 anos) adoeceu muito e Josef a abandonou num hospital. Elisabeth o convenceu a deixála visitar a moça. Todo o terror foi então descoberto pela polícia. Josef, 73 anos, está preso. Aos 42 anos Elisabeth Fritzl subiu do porão.