Está pavimentado o caminho para que o general e todo-poderoso ministro da Defesa do Egito, Abdul Fatah al-Sisi, se torne na eleição de abril o presidente do país – se democrata ou ditador, o tempo dirá. A pavimentação se deu com o referendo popular sobre a nova Constituição: houve grande abstenção, mas 98% dos egípcios que votaram cravaram “sim” e sepultaram a carta atual de conteúdo islâmico, aprovada no governo democrático de Mohamed Mursi. O conjunto de leis que passa a vigorar foi elaborado pelos militares que depuseram o próprio Mursi e é um exemplo de Estado de Direito por estabelecer a liberdade de crença, fortalecer o Parlamento, fixar a igualdade entre homens e mulheres e conceder ao presidente não mais que dois mandatos consecutivos. Há, porém, um senão: à frente dos militares está o general Al-Sisi que já admitiu ter-se visto em sonho empunhando espada com a inscrição “não há maior Deus que Alá”.