Os aeroportos e a aviação civil brasileira têm sido, com razão, uma das maiores preocupações da Fifa e do próprio governo quando o assunto é a Copa do Mundo de 2014. Com o histórico recente de apagões aéreos, caos nos aeroportos e passagens com preços exorbitantes, o temor era de que o sistema pudesse entrar em colapso durante os jogos. Apesar do medo, há poucos indicativos de que torcedores brasileiros e estrangeiros irão sofrer para se deslocar entre as cidades-sedes durante os jogos. Com a ampliação dos aeroportos e do sistema de controle de tráfego, a grande preocupação a pouco menos de seis meses do início da partida inicial está concentrada nos preços que as companhias aéreas do País, pródigas em inflacionar as tarifas às vésperas de feriados e grandes eventos, irão praticar em junho e julho.

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TEMOR
A aviação civil brasileira ainda é uma das maiores preocupações da Fifa
e do governo quando o assunto é a Copa do Mundo de 2014 no Brasil

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Na quinta-feira 16 a Anac, a agência reguladora do setor, decidiu aceitar os pedidos das companhias aéreas e forneceu 160 mil slots – o termo técnico para as vagas de pouso e decolagem em um aeroporto. Na prática, a agência concedeu às quatro aéreas brasileiras – TAM, Azul, Avianca e Gol – o direito de realizar 80 mil voos durante o torneio. Destes, apenas 1.973 são novos e os restantes correspondem a voos que foram remanejados para conseguirem atender as cidades com maior fluxo de passageiros. “Garantimos que os voos estão sendo aprovados dentro da capacidade dos aeroportos”, disse Marcelo Guaranys, diretor-presidente da Anac, em entrevista coletiva.

Antes de serem colocados à venda, os voos autorizados precisam ser avaliados pelas empresas aéreas, mas aquelas que concordarem com o que foi concedido já estão aptas a comercializá-los. As companhias ainda podem, a qualquer momento, pedir alterações e novos slots, mas apenas para o período dos jogos em que houver disputa da fase de grupos, cujas datas e seleções já estão definidas e acontecem de 12 a 26 de junho. Novos voos durante os jogos das oitavas, quartas, semifinais e finais só poderão ser solicitados após o dia 24 de junho, quando os times que competem nessas fases já estiverem classificados. A previsão é que, durante o evento, até companhias aéreas operem com 95% de sua capacidade, semelhante ao que ocorre em períodos de alta temporada, como os feriados de Carnaval, Natal e Ano-Novo. A Copa do mundo, porém, é um desafio muito maior, já que o grande fluxo acontece em diversas cidades ao mesmo tempo e, principalmente, não é possível prever com antecedência e detalhes a procura pelas passagens durante os jogos que acontecem a partir das oitavas de final.

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As companhias aéreas, por sua vez, estão tentando mudar a imagem de empresas gananciosas que estão dispostas a tudo para conseguir o maior lucro possível. A Azul e a Avianca, por exemplo, fixaram o valor máximo de suas passagens em R$ 999. “Não queremos ser vistos como uma empresa que quer arrancar o couro do consumidor. Podemos buscar formas de recuperar as perdas que ocorrem com esse valor”, afirma Marcelo Bento, diretor de planejamento e aliança da Azul. Já a Gol não fixou um valor máximo, mas afirmou em nota que, em 2013, 98% de seus clientes pagaram menos de R$ 1 mil nas passagens, inclusive em datas festivas. Também em nota, a TAM informou que serão ofertadas passagens aéreas a preços competitivos e acessíveis.

Apesar de a fixação dos preços no mercado brasileiro ser livre, o Código de Defesa do Consumidor considera prática abusiva a elevação de preços de produtos e serviços sem justa causa. “Deve haver uma correspondência dos lucros com o aumento de custos”, afirma Renan Ferraciolli, assessor-chefe do Procon-SP. O governo garantiu que vai ficar de olho nos preços. “Vamos fazer o acompanhamento quinzenal do preço das passagens e os órgãos de defesa do consumidor podem agir no caso de verificação de abuso na cobrança”, disse o diretor-presidente da Anac. Até agora, apenas 4% das passagens ofertadas para o período foram comercializadas.

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Fotos: Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press; Breno Fortes/CB/D.A Press

 
 


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